Bolsonaro baixa o tom em evento com Toffoli

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Foto: Gabriela Biló/Estadão

Em discurso na posse do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 17, que cada Poder precisa “fazer valer os valores da democracia” e mesmo que alguns não concordem com “artigos da Constituição” é preciso respeitá-la. Ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, o presidente baixou o tom em relação a declarações dadas mais cedo, quando citou “abusos” ao se referir à operações da Corte contra seus aliados.

“Em que pese alguns de nós até não concordarmos com alguns artigos da Constituição, temos compromisso de honrá-la e respeitá-la para o bem comum. E tenham certeza que respeitando cada artigo da nossa Constituição atingiremos o nosso objetivo para o bem de todos”, disse o presidente em seu discurso no Palácio do Planalto. Toffoli e Bolsonaro chegaram juntos ao evento.

Pela manhã, um dia após após afirmar que tomará “medidas legais” para proteger a Constituição, Bolsonaro afirmou que considera que houve “abusos” na ordem do Supremo para quebrar o sigilo bancário de parlamentares aliados do governo. Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, ele disse que está “fazendo o que deve ser feito” e “não será o primeiro a chutar o pau da barraca”. Em seguida, acrescentou que em breve tudo será colocado “no seu devido lugar”.

Embora não tenha citado diretamente a quem se referia, Bolsonaro tem feito declarações com ameaças a outros poderes por entender que há uma tentativa de fragilizá-lo, com decisões do Supremo Tribunal Federal e do Congresso que, na sua visão, invadem as atribuições do Executivo. Ele chegou a afirmar, há algumas semanas, que poderia não cumprir ordens judiciais.

Na cerimônia de posse, realizada no Palácio do Planalto, o presidente disse que havia “muita gente feliz” na cerimônia e que o momento deveria ser eternizado. “Não são as instituições que dizem o que o povo deve fazer, é o povo que diz o que as instituições devem fazer”, declarou Bolsonaro.

Anunciado na semana passada para resolver o problema de comunicação do governo, Faria afirmou que o Brasil vive “dias turbulentos” com a pandemia do novo coronavírus e defendeu um “armistício patriótico” para combater a doença. “É hora de deixarmos a arena eleitoral para 2022”, disse.

Além de Toffoli, participaram do evento o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além de líderes do Centrão, que se aliaram à gestão de Jair Bolsonaro após serem contemplados com cargos — o próprio Faria é filado ao PSD, um dos partidos do bloco.

Também estiveram presentes ministros de Estado, mas não o responsável pela Educação, Abraham Weintraub, que se envolveu em episódios polêmicos e de confronto com o Supremo nas últimas semanas.

“Estamos aqui com responsabilidade de pensarmos e agirmos como estadistas. Eu sou movido pelo espírito público e patriotismo que Vossa Excelência (Bolsonaro) demonstra”, disse Faria no discurso.

O ministro também enalteceu Bolsonaro ao dizer que o presidente foi “um inovador na comunicação direta, ao falar com a população por meio das redes sociais”. Agora, Faria será responsável também pela Secretaria Especial de Comunicação (Secom) do governo. “Hoje, em um piscar de olhos são tomadas por multidões a internet não aceita voz de comando, todos têm o microfone na mão, e são ouvidos, pasmem, até mesmo pelo presidente, algo impensável em um passado próximo. O povo te deu o poder (presidente) e o senhor respondeu com respeito.”

Estadão