Como último ato, Weintraub ataca cotas para negros

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Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/29-04-2020

 

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, revogou nesta quinta-feira uma portaria da pasta que incentivava a adoção de políticas de cotas para negros em programas de pós-graduação. A expectativa é que Weintraub deixe o governo nos próximos dias. O texto havia sido editado em maio de 2016, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

A portaria estabelecia um prazo de 90 dias para instituições federais de ensino superior apresentarem propostas de inclusão de negros, pardos, indígenas e pessoas com deficiência em seus programas de mestrado e doutorado. Também havia uma determinação para que as instituições criassem comissões próprias para discutir o aperfeiçoamento das ações afirmativas.

Outro ponto da portaria era a definição de que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) deveria coordenar a elaboração periódica de um censo de alunos da pós-graduação, para fornecer subsídios para o acompanhamento dos programas de cotas. Por fim, o Ministério da Educação teria um grupo de trabalho para acompanhar as ações propostas na portaria.

Em nota, o ex-ministro Aloizio Mercadante, responsável pela edição da portaria que foi revogada, defendeu a política de cotas e afirmou que “essa trajetória de sucesso nas nossas universidades, que evoluía também na pós-graduação, foi interrompida pelo governo Bolsonaro”.

Já a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) afirmou que apresentará um projeto de decreto legislativo (PDL) para revogar o ato do ministro.

Na quarta-feira, a gestão de Weintraub divulgou um balanço das “entregas de 2020” pela pasta. No início do ano, a pasta já havia divulgado um documento semelhante, mas com dados relativos a todo período de 2019. A divulgação foi interpretada como um indício de que Weintraub está preparando o terreno para deixar o órgão.

De acordo com alguns parlamentares, a divulgação foi encarada como uma “prestação de contas” de Weintraub às vésperas de ser demitido da Educação. A situação do ministro ficou insustentável desde o último domingo quando Weintraub compareceu a uma manifestação pró-governo, o que irritou o presidente Jair Bolsonaro que tentava apaziguar os ânimos com o Supremo Tribunal Federal (STF).

O Globo