Militares americanos se recusam a atacar população

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Foto: Reprodução

Abrindo a semana, Donald Trump ameaçou usar os militares contra civis americanos. A partir de terça (2), generais e outros passaram a se manifestar frontalmente contra ele, pela imprensa.

O primeiro foi o almirante Mike Mullen, em artigo na Atlantic intitulado “Eu não posso ficar em silêncio”. No subtítulo, “Nossos cidadãos não são o inimigo, nunca”.

Também na Atlantic, no dia seguinte o general Jim Mattis (acima), ex-secretário da Defesa do próprio Trump, defendeu os manifestantes e afirmou que o presidente é uma ameaça à Constituição.

Trump ironizou então ter demitido Mattis —e o próprio ex-chefe de gabinete da Casa Branca, general John Kelly, veio a público desmenti-lo e “mostrar seu apoio a Mattis”, manchete do Washington Post na quinta. Outro general, Douglas Lute, falou ao New York Times que as ações de Trump, após três anos, se tornaram afinal “intoleráveis para um exército apolítico”.

E o general John Allen, ex-comandante da Otan, surgiu na Foreign Policy para alertar: “Podemos estar testemunhando o começo do fim da democracia americana”. Deu até a data, “1º de junho de 2020”, o dia da ameaça de Trump.

Tanto quanto o presidente, a presença ao seu lado do atual secretário da Defesa, Mark Esper, detonou a reação. Esper acabou recuando e se declarou, em entrevista coletiva, contra Trump.

Paralelamente, Robert Gates, ex-secretário da Defesa de George W. Bush e Barack Obama, surgiu na Foreign Affairs questionando “A supermilitarização da política externa americana”, título de seu artigo.

Enquanto os militares reagiam à ameaça contra civis, o NYT publicava artigo de um senador sob o título “Envie as tropas”.

Diante da revolta na própria Redação, o editor de Opinião, James Bennet, primeiro respondeu só via Twitter, mas se viu forçado a escrever no jornal admitindo o eventual erro da decisão.

Seu antecessor no cargo, Sewell Chan, questionou a publicação por, entre outras razões, sair após o próprio governo recuar da ação.

A CNN revelou então que o publisher do NYT, A.G. Sulzberger, acabou tendo de interceder, anunciando por comunicado interno um encontro geral da Redação para esta sexta.

De novo na home page do NYT, o cemitério de Vila Formosa (acima), em São Paulo, é a imagem recorrente da nova fase da pandemia, em que “a geografia da doença está mudando” para países como o Brasil, “com quase tantas mortes diárias quanto os EUA”.

No Miami Herald, “À medida que mortes aumentam, intensifica-se clamor por impeachment de Bolsonaro”, título de extensa reportagem.

Folha De S. Paulo