Algumas capitais resistem a 2a onda de covid19

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Alexandre Schneider / Getty Images

Enquanto o Brasil apresenta um mapa trágico de mais de 1.000 mortes diárias por coronavírus há quase um mês, as cidades do país onde a devastação provocada pela pandemia chegou antes, naquelas semanas de maio e junho que hoje parecem um passado distante, enfrentam um momento de espera.

Para tentar obter um diagnóstico mais aprofundado, ÉPOCA analisou a curva das mortes desde o início da pandemia nos municípios brasileiros com o maior número total de vítimas, mas que já enfrentaram sua semana mais letal há pelo menos um mês. São cidades como Belém e Manaus, onde os sistemas de saúde colapsaram, ou metrópoles como o Rio de Janeiro, que chegou a contabilizar uma média móvel de 134 mortes por dia na primeira semana de junho, o recorde nacional. Em São Paulo, o número chegou a 110 em meados daquele mês.

A média móvel entrou de vez no noticiário da pandemia nas últimas semanas porque é o melhor critério para analisar a tendência, ao fazer uma média dos dados dos sete dias mais recentes, que corrige a distorção causada pela falta de mão de obra para notificar óbitos em finais de semana ou de falhas pontuais em um ou outro dia. E ela mostra uma queda significativa nas mortes nessas cidades: no dia 27 de julho, ela estava em 63 mortes por dia na capital paulista (queda de 42% em relação ao auge letal) e em 46 óbitos diários no Rio (redução de 66%).

A motivação para as quedas nessas cidades atingidas mais duramente no início tem muito mais dúvidas que certezas, como quase tudo que diz respeito ao coronavírus. Ainda que bem-vindo, esse fenômeno não possui uma explicação clara, e as razões, provavelmente, variam de um local para o outro.

“Nós, infectologistas, não esperávamos isso em cidades como Belém, Manaus, Rio de Janeiro e até São Paulo”, afirmou a médica Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Essas cidades que sofreram mais no início já flexibilizaram as medidas de distanciamento social há quatro semanas ou mais. Mas elas não viram, ainda, o aparecimento da esperada e temida ‘segunda onda’ da Covid-19.”

Época