Alta da pandemia obriga Trump a recomendar uso de máscara

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Foto: Alex Edelman – 11.jul.20/AFP

Na esteira de uma série de mudanças de postura frente a críticas de sua gestão no combate ao coronavírus e à queda nas pesquisas de intenção de voto, o presidente dos EUA, Donald Trump, publicou nesta segunda (20) uma mensagem na qual afirma que “muitos dizem ser patriótico usar uma máscara”.

Junto com a postagem, feita no Twitter, o republicano colocou uma foto em que aparece com o item de proteção, algo que resistiu a fazer durante meses e que aconteceu apenas no último dia 11, em visita a um centro médico nos arredores de Washington.

A mensagem de Trump, que pela primeira vez faz algum tipo de incentivo aos americanos à utilização de máscaras para impedir a disseminação do coronavírus, não veio sem provocações.

Chamou o coronavírus de “invisível vírus chinês”, numa cutucada à China, com quem trava uma espécie de Guerra Fria 2.0 em termos comerciais e geopolíticos.

“Nós estamos unidos em nosso esforço para derrotar o invisível vírus chinês, e muitos dizem que é patriótico usar uma máscara quando não for possível manter distanciamento social”, escreveu o Trump. “E não há ninguém mais patriótico do que eu, seu presidente favorito!”

 

Em ocasiões recentes, tanto o presidente quanto membros da Casa Branca se referiram à pandemia como “coronavírus chinês” ou “vírus de Wuhan”, a cidade que foi o epicentro inicial da epidemia, numa tentativa de responsabilizar a China pelo descontrole do surto da Covid-19.

O termo foi classificado como racista e xenófobo por Pequim, para quem a estratégia de Trump “revela a irresponsabilidade e incompetência dos políticos, que apenas intensificam o medo do vírus”.

Uma semana depois de aparecer de máscara em público pela primeira vez, o republicano anunciou que trocará eventos presenciais de campanha pelo que chamou de “telecomícios”, em que telefona a eleitores.

A decisão é um aceno às críticas de que comícios, como o que fez em Tulsa, no estado de Oklahoma, poderiam ajudar a propagar o patógeno. Outra possibilidade é evitar o constrangimento do baixo comparecimento de apoiadores a eventos de campanha em meio à pandemia.

Em Tulsa, o republicano viu menos da metade dos 19 mil assentos ocupados –6.200 pessoas participaram. Era o primeiro evento do tipo desde o início da crise sanitária.

A virada de postura do presidente vem também em meio ao anúncio de seguidas pesquisas que dão vantagem a seu opositor nas urnas em novembro, o democrata Joe Biden.

A aprovação eleitoral do adversário entre os americanos registrados para votar chegou a 52%, contra 37% de Trump, a maior margem já registrada pela Universidade Quinnipiac, em pesquisa nacional divulgada na quarta (15).

Uma segunda sondagem, feita pelo Wall Street Journal e pela emissora NBC News, também mostrou resultados positivos para o democrata. Biden aparece com 51% das intenções de voto, contra 40% do atual presidente —a vantagem do democrata subiu de 7 para 11 pontos percentuais.

Na soma da intenção de votos em estados-pêndulo –que ora votam em republicanos, ora votam em democratas–, Wisconsin entre eles, Biden lidera com 52%, contra 40% de Trump.​

A pesquisa de Quinnipiac também mostrou que a aprovação do presidente atingiu seu menor patamar desde 2017. São 36% os que apoiam a Casa Branca de Trump, contra 60% que a desaprovam —uma queda de seis pontos percentuais em relação à última sondagem da universidade.

Mas não é somente a aprovação a sua gestão que está em baixa. Apenas 35% apoiam a resposta de Trump à pandemia do novo coronavírus.

Em entrevista à Fox News exibida neste domingo (19), o republicano defendeu sua gestão diante da crise de coronavírus. Apesar do recorde de infecções, com 3,7 milhões de casos, e mortes no país, são mais de 140 mil, o governo insiste na reabertura de escolas e resiste a determinar a obrigatoriedade do uso de máscaras, deixando a decisão para os estados.

“Temos brasas e temos chamas. A Flórida tem mais chamas, mas vai ficar sob controle.” O estado do sul dos EUA tem sido fortemente impactado com um aumento exponencial de contaminações, que somam 350 mil, sendo quase 5.000 mortes, de acordo com o jornal americano The New York Times.

Folha De S. Paulo