Arrecadação de junho cresce em plena pandemia

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Foto: Flickr/Ministério da Economia

O ministro da Economia, Paulo Guedes, acredita que o pior da crise ficou para trás e a economia começa a engrenar em ritmo que, em alguns indicadores, já até supera 2019. A afirmação foi feita no programa especial “O Brasil Pós-Pandemia: a Retomada”. “Parece que o fundo do poço foi abril. As notas fiscais de maio já estavam quase dois dígitos acima de abril. Nos primeiros 20 dias de junho, já superaram o mês de maio”, disse Guedes, sem detalhar números.

Na entrevista exclusiva aos âncoras William Waack e Rafael Colombo, o ministro destaca que dados reforçam a percepção de rápida recuperação da atividade. “Inclusive, junho já está mais alto do que junho do ano passado. Isso confirma (a retomada)”, disse, ao comentar o volume de emissões de notas fiscais registrada pela Receita Federal.

No programa, Guedes diz que, neste momento, uma das preocupações do governo é “organizar a saída” do período de quarentena e isolamento social. “Hoje, os principais fatores são saúde, emprego e renda. Nosso desafio é fazer uma rampa de ascensão social”, disse. “No ano passado, nossa preocupação era fiscal. Hoje, não é isso que me tira o sono”, completou.

Apesar de não tirar o sono, o ministro reconhece que a situação fiscal deve ser monitorada, e, por isso, é preciso delimitar o período dos gastos extras. “Vamos ter um déficit primário de 12% neste ano, com um déficit nominal de 15% ou 16% do PIB. Mas tudo isso é desarmável no ano quem. Tudo que foi feito não atravessa o ano. No dia 31 de dezembro, a carruagem vira abóbora”, disse, ao comentar que as iniciativas extraordinárias de reação à crise econômica terminarão ainda este ano.

Imposto sobre dividendos e transações digitais

Nesse esforço de retorno da economia, uma das pautas mais importantes para o ministro da Economia é a reforma tributária. Nela, Guedes quer que empresas paguem menos impostos e, em compensação, haja cobrança de tributos na distribuição de dividendos e outras iniciativas com ampla base tributável.

“Na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), as empresas pagam média de 19% ou 20% de imposto de renda. No Brasil, temos 34%. Quem vai querer investir no Brasil?”, questionou. “Prefiro que a empresa pague menos e que cobre no dividendo”, explicou. O dividendo é a parte do lucro distribuída aos acionistas. Para o ministro, esse sistema proposto incentiva que empresas invistam nelas mesmas para aumentar a produtividade e eficiência.

Ainda na reforma tributária, o ministro avalia como mais adequados impostos com base ampla. “Todo mundo falava do imposto de transação que é muito ruim, é feio, uma areia do sistema, mas tem uma base de incidência que traficante de droga não escapa, traficante de arma não escapa. Ninguém escapa. Corruptos não escapam”, disse, ao mencionar que “se todos pagarem uma alíquota pequeninha é possível desonerar” outros tributos. Guedes rejeita que a iniciativa seja a volta do imposto do cheque, a CPMF. “Não é a CPMF. É sobre transações digitais”, disse.

CNN Brasil