Bolsonaro tem rancor do comandante do Exército

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Foto: Cap Edvaldo / Flickr / Exército Brasileiro

Em 30 de abril, o presidente Jair Bolsonaro viajou a Porto Alegre para participar da cerimônia de troca da liderança do Comando Militar do Sul. Na ocasião, ele estendeu a mão para cumprimentar o comandante do Exército, Edson Leal Pujol, como se não houvesse pandemia, mas recebeu de volta o cotovelo, como mandam os protocolos de saúde. Pelo princípio da hierarquia, os demais generais seguiram o comandante, oferecendo o cotovelo ao presidente — o que o deixou visivelmente irritado.

Depois desse episódio, emissários do Planalto fizeram chegar ao comandante que ele poderia ser substituído antes do término de sua gestão. Bolsonaro queria alguém mais alinhado a seu governo no posto, insinuando que esse nome poderia ser o do ministro da Secretaria de Governo da Presidência, o general Luiz Ramos.

Até ingressar no Executivo, Ramos era comandante militar do Sudeste. Substituir um comandante no exercício do cargo é uma medida incomum e inédita. Desde o governo Lula, há uma regra implícita na sucessão das Forças Armadas: é alçado ao posto o oficial que cumpra os critérios de maior tempo de generalato e mais alta patente.

Romper essa tradição por razões de afinidade seria um golpe no princípio de hierarquia que norteia as Forças. Tal possibilidade fez o alto-comando enviar uma mensagem dura ao Planalto, também via interlocutores: de que não aceitaria uma troca tão atípica.

Ainda distante da proteção do centrão e em guerra com o Legislativo e o Judiciário, Bolsonaro decidiu ceder, evitando assim um confronto institucional com as Forças Armadas. Ramos, ainda na ativa, resolveu pedir para ir para a reserva.

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