Com demissões, Globo perde status de “Hollywood brasileira”

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Foto: Reprodução

Durante muitos anos, a Rede Globo esbanjou muito brilho e estrelato e virou o sonho da imensa maioria dos atores e atrizes brasileiros. Estar na emissora era como chegar ao topo da carreira nacional, principalmente, entre os nomes que se acostumaram a protagonizar o mais importante produto do entretenimento nacional: as novelas. No entanto, a situação mudou nos últimos dois anos, com alterações no contrato e até mesmo dispensa de grandes estrelas.

O nome mais recente a deixar a “Hollywood brasileira” foi Renato Aragão. Após 44 anos, o humorista não integra mais o elenco fixo da emissora, que não fala em dispensa, mas em mudanças contratuais. A Globo aderiu ao “contrato por obra”, no qual o artista é pago para participar de um trabalho específico, deixando de ganhar um salário mensal e ficando “preso” ao canal.

Ao todo, 12 atores, atrizes e repórteres já foram desligados do canal, como Miguel Falabella, Vera Fischer, Bruna Marquezine, Bruno Gagliasso e Malvino Salvador. Angélica, por exemplo, que tinha um programa engatilhado, está fora do quadro de funcionários fixos. O Metrópoles apurou que artistas da emissora em fim de contrato estão sendo chamados para renegociar e aderir à nova modalidade. Isso inclui nomes do jornalismo, como demonstrou a saída recente de Zeca Camargo.

Mauricio Stycer, um dos mais importantes críticos de televisão do Brasil, avaliou no podcast UOL Vê TV #31 que as mudanças “não deixam de ser chocantes porque a gente se acostumou com uma Globo como a ‘Hollywood brasileira’”. “Hoje, a emissora é uma empresa normal, com problemas, necessidade de enxugar quadros, e deixa pelo caminho figuras incríveis com grandes serviços prestados”, completou Stycer.

O escritor Aguinaldo Silva, por exemplo, desligado em 3 de janeiro da emissora, custava R$ 5 milhões por mês enquanto suas novelas estivessem no ar. Quando não havia trabalho do novelista sendo exibido, o salário estimado era de R$ 3 milhões. A pandemia de coronavírus acelerou os processos de mudança na emissora, que desde do ano passado tem cortado pessoal e criando o projeto Uma só Globo, que une as empresas do grupo em uma só e promoveu uma onde de demissões.

A emissora já vinha fazendo alterações sutis nas regras da TV brasileira. Primeiro, as novelas passaram por mudanças nos personagens, aderindo a temas atuais e de cunho social, como beijos gays que causaram um verdadeiro rebuliço na mídia. Pouco depois, jornalistas mais novos, com looks mais ousados e até tatuados foram contratados para apresentar quadros da emissora, como é o caso de Mari Palma e Phelipe Siani, agora da CNN Brasil. Maju Coutinho, por exemplo, liderou uma renovação no Jornal Hoje.

A pandemia do coronavírus trouxe mais do que mudanças no elenco fixo da emissora. Enquanto algumas novelas tiram a palavra “morte” do título, os atores que ainda permanecem no canal perderão uma série de mordomias – principalmente os mais famosos da emissora.

Entre os confortos que os atores perderiam está o auxílio de figurinistas para vestir a roupa que usará em cena, o fim do refeitório (agora é na marmita) e o cancelamento da área de cafézinho (menos fofoca para evitar aglomeração).

Além disso, os conhecidos “beijões de novela” também não serão mais uma opção. Para voltar a gravar as produções interrompidas, Amor de Mãe e Salve-se Quem Puder, as cenas agora devem ter muito menos beijos e abraços: a regra geral será de pouco contato físico.

Metrópoles