Moro evita falar de planos eleitorais

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Foto: Jorge William / Agência O Globo

Em entrevista concedida à GloboNews na noite deste domingo, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro evitou falar sobre uma possível candidatura sua em 2022 e, questionado duas vezes sobre o assunto, não negou que possa se lançar candidato.

– O que eu tenho, posso assegurar, é que eu gostaria e quero continuar participando do debate público. Para tanto, eu não preciso ter um cargo, eu posso continuar falando – disse.

O ex-ministro afirmou que deseja “contribuir para o país”.

– Eu quero continuar a contribuir para o país de alguma forma, para que a gente possa avançar. Inclusive quando eu faço críticas ao governo atual, que fique claro que eu quero fazer isso de uma maneira construtiva pra gente poder avançar – disse

Ao ser questionado sobre a candidatura, ele citou políticos que poderiam estar cacifados para a disputa presidencial, como o governador de São Paulo João Dória (PSDB), mas não descartou uma candidatura. Moro também voltou a dizer que o governo Bolsonaro não se empenhou em bandeiras de combate à corrupção e disse que se sentia “incomodado” com o que chamou de “postura negacionista” do governo em relação ao coronavírus.

Questionado sobre sua relação com o governo, Moro admitiu que cogitou deixar o cargo de ministro da Justiça em outros momentos, como durante a primeira crise entre o presidente Jair Bolsonaro e a Polícia Federal, em agosto do ano passado, e quando o presidente não acolheu suas sugestões de vetos ao pacote anticrime.

– Nós tínhamos até um acordo com o Senado pra manter esses vetos. Ali também foi um momento que eu pensei seriamente em sair – afirmou.

Moro disse ainda que as operações da PF contra desvios no combate ao coronavírus foram estruturadas ainda durante a sua gestão e classificou os casos de “lamentáveis”.

– Por mais lamentáveis que possam ser esses fatos, eles nos dão uma lição. combater a corrupção salva vidas, você tem mais recursos para serem usados de maneira mais eficientes com a população – disse.

Ainda na entrevista, Moro defendeu que o procurador-geral da República Augusto Aras retome o “diálogo” com as forças-tarefas da Lava-Jato para superar a crise de confiança que se instalou entre eles e classificou o atrito de “rusga momentânea”.

Moro, que era juiz da Lava-Jato de Curitiba antes de assumir o cargo de ministro do governo Bolsonaro, também defendeu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apoie as forças-tarefas, que classificou de “modelo exitoso”.

– Acho que é algo plenamente superável, desde que seja tratado aí com serenidade. Acho que o procurador-geral da República tem condições de restabelecer esse diálogo e apoiar as forças-tarefas, porque o combate à corrupção depende de uma harmonia no Ministério Público – afirmou na entrevista.

O atrito teve início depois que uma auxiliar de Aras, a subprocuradora Lindora Araújo, foi a Curitiba realizar uma espécie de inspeção nos trabalhos da força-tarefa. Como reação, os procuradores da Lava-Jato enviaram um ofício à Corregedoria acusando Lindora de realizar uma manobra ilegal para obter dados sigilosos da operação. Dias depois, a PGR reduziu os procuradores com dedicação exclusiva em duas forças-tarefas e escreveu um ofício classificando o modelo de “desagregador” e “incompatível” com o Ministério Público Federal.

Moro citou como exemplo o uso das forças-tarefas em operações de combate à máfia e à corrução na Itália.

– No combate à máfia siciliana, contra a Cosa Nostra, o que eles formaram lá? Formaram uma força-tarefa do ministério público, assim como eles tinham uma força-tarefa de juízes de instrução. Quando teve a (Operação) Mãos Limpas, da mesma forma foi criado lá uma força-tarefa. É um modelo exitoso, é um modelo importante. Você precisa focar recursos humanos e tecnológicos – disse o ex-ministro.

O Globo