Perfil do antipetista padrão: branco, sulista e rico

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Foto: Martins/Frame/Folhapress/VEJA/VEJA

Pesquisa do Ibope de outubro de 2019 revela que 49% daqueles que residem no Sudeste e no Sul não votariam de jeito nenhum no PT, esta proporção é de 59% para quem recebe acima de cinco salários mínimos (SM) e de 53% junto às pessoas de cor branca. Nos grupos de WhatsApp dos quais participo o argumento de que o PT será inexoravelmente derrotado na próxima eleição presidencial é escrito, na grande maioria das vezes, por pessoas com este perfil. Trata-se de um bolha social.

Há, todavia, outra bolha: a dos moradores do Nordeste, que ganham até um SM e de cor preta e parda. Não participo de nenhum grupo de Zap no qual a maioria das pessoas tenha este perfil, mas se assim o fizesse a rejeição ao PT seria pequena e ninguém seria capaz de prever uma derrota certa do candidato a presidente do partido em 2022.

Cada um de nós vive em uma câmara de eco ideológica, uma câmara relativamente fechada. O que falamos ecoa e retorna a nossos ouvidos. Os evangélicos se relacionam mais com evangélicos, quem reside no Sul se relaciona mais com seus vizinhos, quem é petista fala mais com petistas e assim por diante. Isso serve para todos os perfis sociais e econômicos, e também para a visão de mundo de cada um.

Indivíduos não têm meios de escapar de sua bolha social ou câmara de eco, mas instituições partidárias, quando grandes, necessariamente têm os meios para compreenderem todo o país. O PT é o partido com mais deputados federais e todos eles conversam não apenas com seus eleitores, mas com representantes e representados de direita e de centro. Há uma visão consolidada do que seja o Brasil, eles detectam o anti-petismo e também o petismo, sabem onde há indiferença em relação ao partido. As decisões tomadas em âmbito institucional, ao contrário das decisões realizadas por indivíduos, incorporam um saber coletivo e informações trazidas por todos os participantes da instituição. É por isso que os indivíduos brancos, de renda alta e do Sudeste e Sul não compreendem o PT.

Para um partido político importa, sim, como pensa cada câmara de eco, mas o que é mais relevante mesmo é a escolha do conjunto dos eleitores. Um partido como o PT, quando pensa na eleição presidencial, tem como objetivo a busca da maioria, e ela não está nesta ou naquela bolha.

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