Bolsonaro minimiza debandada na economia
Foto: Reprodução
Após o pedido de demissão de dois secretários do Ministério da Economia, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira, que “é normal a saída de alguns” do governo.
Bolsonaro também afirmou ser compreensível alguns ministros buscarem mais recursos para obras essenciais, mas ressaltou o compromisso do governo com “a responsabilidade fiscal e o teto de gastos”, além de defender a privatização de “empresas deficitárias”.
A declaração, feita na conta de Bolsonaro no Facebook, foi acompanhada de uma foto do presidente com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura). A foto é do trecho de um vídeo, gravado na terça-feira, durante cerimônia fechada no Palácio do Planalto.
Tarcísio faz parte da ala do governo que defende o aumento de investimentos públicos, enquanto Guedes vê nisso uma ameaça ao teto de gastos. Bolsonaro disse que ele e seus ministros “continuam unidos e cônscios da responsabilidade de conduzir a economia e os destinos do Brasil com responsabilidade”.
Na terça-feira, Guedes classificou como “debandada” os pedidos de demissão dos secretários Salim Mattar (Desestatizações) e Paulo Uebel (Gestão e Governo Digital). De acordo com o ministro, as saídas ocorreram por dificuldades nas privatizações e na reforma administrativa, respectivamente.
Reportagem do GLOBO mostrou que o envio da reforma administrativa, que mexe nas regras de servidores públicos, ficou para 2021.
Sem citar nomes, Bolsonaro escreveu nesta quarta-feira que “em todo o governo, pelo elevado nível de competência de seus quadros, é normal a saída de alguns para algo que melhor atenda suas justas ambições pessoais” e acrescentou que os dois secretários “vão para uma outra atividade muito melhor”.
Ao mesmo tempo, o presidente explicou as dificuldades na agenda econômica. Disse que “privatizar está longe de ser, simplesmente, pegar uma estatal e colocá-la numa prateleira” e ressaltou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a venda de “empresas-mãe” precisa ter um aval do Congresso.
Além disso, em referência à reforma administrativa, afirmou que “os desafios burocráticos do estado brasileiro são enormes e o tempo corre ao lado dos sindicatos e do corporativismo e partidos de esquerda”.
Na mensagem, Bolsonaro também comentou a divisão atual do governo em relação ao tema dos gastos públicos. Uma ala, liderada pelo ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e que conta com o apoio de Tarcísio e dos ministros militares, pressiona pelo crescimento dos investimentos.
Guedes é contrário e afirmou na terça-feira, sem citar nomes, que os auxiliares que aconselham o presidente a burlar a regra do teto de gastos estão levando Bolsonaro para uma zona de impeachment.
Também na manhã desta quarta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o texto de gastos é a “âncora fiscal” do país e que não pode ser “tratado da forma comom está”:
— O teto de gastos é a nossa âncora fiscal. Então, não é um assunto que tem que ser discutido da forma como vem sendo colocado, é algo que tem que ser muito bem analisado pelas pessoas que conduzem a política fiscal do país. Nós temos uma situação fiscal péssima, então, não é algo que possa estar sendo tratado da forma como está — avaliou Mourão, ao chegar no Palácio do Planalto, de acordo com o G1.
Mourão também afirmou que alguns ministros querem “mostrar serviço”, mas ressaltou que, caso queiram aumentar gastos, precisam apresentar sua proposta a Bolsonaro e aos outros ministros.
— O ministro também fica angustiado porque ele quer mostrar serviço, e ele está limitado pelas amarras do orçamento. Essa é a realidade — disse, acrescentando: — Os ministros que querem avançar no aumento de gastos, eles têm que sentar no conselho de governo, apresentar suas metas e isso ser discutido, debatido e votado por todos, e aí o presidente decide.