Bolsonaro pode indicar ministro da Justiça para o TCU

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Foto: José Dias/PR – 23.04.2020

O presidente Jair Bolsonaro se reuniu com o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio, para debater os possíveis nomes para ocupar a cadeira que ficará vaga em 31 de dezembro no órgão de controle. Um dos candidatos citados por Bolsonaro no encontro foi o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, em um sinal de que outra indicação importante programada para os próximos meses, para o Supremo Tribunal Federal (STF), ainda estaria em aberto.

Segundo o Valor apurou, o mais cotado para a vaga do decano Celso de Mello no STF é o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Jorge Oliveira, um antigo aliado da família Bolsonaro. A justificativa é de que o presidente tem verdadeira obsessão por lealdade e que o único nome em que realmente confiaria para um cargo tão estratégico seria o de Oliveira. Um dos ministros mais influentes do Palácio do Planalto, ele foi chefe de gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Oliveira também apareceu na lista apresentada por Bolsonaro. Além dele e de Mendonça, foi mencionado o nome do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário. Durante a conversa, surgiu ainda a chance de indicação do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.

A aposentadoria antecipada de Múcio está movimentando os bastidores de Brasília. Junto com a saída de Celso de Mello, em novembro, a abertura de uma vaga no órgão de controle pode ser o gatilho de mudanças no primeiro escalão.

Rosário seria a primeira opção de Bolsonaro. Já Tarcísio é, disparado, o preferido do TCU. A movimentação das peças nesse tabuleiro, porém, vai depender da escolha do presidente para o STF.

Se confirmado o nome de Jorge Oliveira para o Supremo, a avaliação de parlamentares é que a indicação passaria como um “foguetinho” pela sabatina no Senado, especialmente devido ao perfil conciliador e ponderado do ministro. Em entrevista ao Valor, publicada na última segunda-feira, Oliveira garantiu que não foi consultado por Bolsonaro sobre o STF, mas, se fosse, manifestaria seu apoio a André Mendonça.

Promovido em abril para o Ministério da Justiça, Mendonça sempre teve o cuidado de demonstrar alinhamento máximo a Bolsonaro. Além de rasgados elogios ao presidente, a quem chamou de “profeta”, ele assumiu a defesa de ministros do governo perante o Supremo – papel que normalmente caberia ao AGU – e chegou a pedir inquérito contra o jornalista que escreveu um artigo no qual manifestava o desejo de que o presidente morresse vítima da covid-19.

Se for mesmo preterido, o ministro da Justiça poderá seguir à frente da pasta ou ir para o TCU. Na primeira opção, ele poderia ter poderes esvaziados com a eventual retomada dos planos de recriar o Ministério da Segurança Pública.

Com o pedido de demissão de Sergio Moro, Tarcísio passou a dividir com Paulo Guedes o status de ministro mais festejado do governo. Mesmo assim, sua eventual saída da Infraestrutura seria habilmente contornada por Bolsonaro.

Isso porque o substituto imediato seria o atual secretário-executivo da pasta, Marcelo Sampaio, que é genro do ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, outro que é tido como um bolsonarista de “raiz”. Sampaio contribuiu na formulação do programa de governo durante a campanha de Bolsonaro e é bem visto no Palácio do Planalto.

Para Tarcísio também há planos alternativos. Um dos desejos de Bolsonaro é lançar o ministro como seu candidato para o governo do Distrito Federal em 2022. Mesmo não admitindo para quase ninguém, Tarcísio é simpático à ideia.

Muita gente enxergou “uma feliz coincidência” no nome escolhido por ele – @tarcisiogdf – para o perfil no Twitter. A resposta imediata é de que se trata do acrônimo de seu sobrenome “Gomes de Freitas”, mas a sigla também serve para Governo do Distrito Federal, ou GDF, como é mais conhecido o Executivo da capital federal.

Valor Econômico