Bolsonaro tentará copiar Lula

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Foto: TV Brasil/Agência Brasil

Jair Bolsonaro elegeu-se com o discurso da Lava Jato e pretende reeleger-se com o discurso de Lula.

A nova CPMF sobre transações financeiras eletrônicas servirá para financiar uma versão turbinada do Bolsa Família, o Renda Brasil, e financiar a desoneração da folha de pagamentos das empresas, para empregos de baixos salários. O objetivo é criar vagas para uma grande massa de trabalhadores sem qualificação e, assim, reduzir a percepção da miséria. O objetivo é criar o que se pode chamar de “nova classe D”.

A avaliação é que a CPMF é um “imposto invisível” e que só a classe média continuará a reclamar por algum tempo dele. O fato de ser um imposto cumulativo não incomoda ninguém da equipe econômica.

Um pedaço da classe média, acreditam integrantes do governo, preferirá automaticamente Bolsonaro a qualquer outro nome da esquerda, em 2022. Quanto à parte que se decepcionou moralmente com Bolsonaro, ela deverá ficar com Sergio Moro, não há jeito, mas não deverá fazer frente àquela que se juntará à massa beneficiada pelo Renda Brasil e a desoneração para criar empregos baratos. Moro amealhará votos, dizem, apenas entre um eleitorado “udenista” que terá encolhido por causa da crise econômica causada pela pandemia. Crê-se também que o bombardeio da esquerda sobre o ex-ministro será capaz de beneficiar Bolsonaro na campanha do primeiro turno, ao erodir a imagem de Moro num eleitorado mais ao centro.

Para evitar maior sangria entre os eleitores da classe média preocupados com corrupção, o importante para Bolsonaro é que ações da Lava Jato represadas pela Justiça Eleitoral continuem a ocorrer de vez em quando, mas apenas como eco do passado, sem implicar novas frentes de investigação que poderiam estragar o acordão em Brasília.

A atuação desastrosa do presidente na pandemia será uma vaga lembrança em 2022, aposta-se, e largamente compensada pela ação na economia financiada pela nova CPMF. De certa forma, a Covid-19 ajudará o atual inquilino do Planalto, ao proporcionar a criação de um imposto que representará uma injeção na veia de 120 bilhões de reais.

Esse é o plano para reeleger Bolsonaro.

O Antagonista