DEM terá 3 candidatos bolsonaristas a prefeito

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Foto: AFP/E. SA

Nas três capitais onde fará suas maiores apostas nas eleições municipais, o DEM terá no encalço candidatos defensores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Partido do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), que se tornou um desafeto do bolsonarismo, o DEM tem suas maiores expectativas de vitória no Rio, onde o ex-prefeito e compadre de Maia, Eduardo Paes, tenta impedir a reeleição de Marcelo Crivella (Republicanos), cuja campanha será turbinada pelo apoio do clã Bolsonaro; em Curitiba, onde busca reeleger o prefeito Rafael Greca com a oposição do deputado Fernando Francischini (PSL), ex-delegado da PF e bolsonarista de primeira hora; e em Salvador. Na capital baiana, o prefeito ACM Neto busca emplacar como sucessor o vice Bruno Reis (DEM) e entre os adversários está o vereador Cezar Leite, do PRTB, partido do vice-presidente da República, Hamilton Mourão.

Os duelos municipais entre o DEM e os bolsonaristas carregam como componente o fortalecimento para a disputa do plano nacional. Em tempos de pandemia do novo coronavírus, uma das preocupações de aliados de Bolsonaro é com a circulação do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) em pré-campanha aberta ao Planalto. Mandetta, que se opôs a Bolsonaro na condução da crise de covid-19, saiu com popularidade em alta e testa seu potencial como presidenciável e cabo eleitoral.

Um dos primeiros políticos do Congresso a aderir ao projeto de Bolsonaro quando o hoje presidente era apenas um azarão, o ex-deputado federal, agora estadual, Fernando Francischini afirma que o cenário de polarização em Curitiba é “bem definido”. O parlamentar diz que a cidade registra uma das maiores taxas de aprovação a Bolsonaro, o que pode lhe favorecer, mas que Greca é uma prioridade do DEM nacional. “O Mandetta já esteve aqui duas vezes na [pré-] campanha do Greca, e deu entrevistas falando dele. Está andando pelo país, se colocando como candidato a presidente”, diz Francischini.

O sonho de consumo dos bolsonaristas é ter o apoio explícito do presidente que, no entanto, já afirmou que não pretende se envolver nestas eleições. “Na hora em que o Bolsonaro vir o Democratas crescendo nas capitais e montando uma base para enfrentá-lo, ele mesmo vai tomar a decisão de apoiar, na hora certa. O DEM está preparando uma candidatura de oposição a ele. Isso é escancarado no dia a dia de Brasília”, afirma o deputado.

Francischini, no entanto, relata a proeza de ter se mantido equidistante nas duas maiores brigas políticas de Bolsonaro até agora. Primeiro, com o presidente do PSL, Luciano Bivar, que, segundo o pré-candidato, recebeu, há alguns dias, uma ligação de Bolsonaro, por intermédio de seu filho, deputado federal Felipe Francischini (PSL), para uma reaproximação. “Sempre fiquei fora da confusão, pela amizade com o Bivar. Tanto que fui eu que levei o Bolsonaro na casa dele para ser filiado lá no Recife”, conta. O segundo feito é a relação com o ex-ministro Sérgio Moro, que se tornou um inimigo do bolsonarismo. “É um complicador, mas Curitiba é o lugar onde o Moro tem menos problema com o eleitor do Bolsonaro”, minimiza.

No Rio, seu reduto, Bolsonaro tenta estragar os planos no território que também é base eleitoral de Rodrigo Maia. Uma volta de Paes à prefeitura fortaleceria politicamente o deputado, que busca fazer seu sucessor na presidência da Câmara em 2021, com independência do Planalto. No entanto, os filhos Carlos e Flávio Bolsonaro, além da ex-mulher Rogéria, pré-candidata a vereadora, se filiaram ao Republicanos e engrossarão a campanha de Crivella à reeleição.

Em Salvador, o bolsonarismo terá como representante o médico e ex-tucano Cezar Leite, ex-MBL e Vem Pra Rua. A estratégia do vereador é tachar ACM Neto e a candidatura apadrinhada do vice-prefeito como de “centro-esquerda”, por causa da adesão à quarentena, e de se posicionar como a terceira via entre a “oligarquia dos Magalhães e o sindicalismo do PT”. “Somos os únicos de direita. Se chegar o reforço do avião [Bolsonaro], ótimo, se não, a artilharia aqui na frente vai tomando o terreno”, diz, sobre a expectativa de apoio do presidente.

Valor Econômico