Executivos de empreiteira acusam líder do governo na Câmara

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Foto: Michel Filho | Agência O Globo

Ricardo Barros, uma das figuras mais notórias do Centrão e novo líder do governo Bolsonaro na Câmara, é um dos protagonistas da delação premiada dos executivos da Galvão Engenharia, homologada em dezembro de 2017 por Edson Fachin.

O ex-presidente da empreiteira Eduardo Queiroz Galvão relatou em detalhes o pagamento de propinas (no plural mesmo, pois foram duas vezes) a Barros.

Os fatos ocorreram em 2011, quando ele era secretário de Indústria e Comércio de Beto Richa, no Paraná. Primeiro, para intermediar a venda de 49,9% da São Bento Energia à estatal paranaense Copel, pediu R$ 1 milhão mais 1,5% do valor total que a Copel aportasse em investimentos na empresa. As conversas para a transação heterodoxa foram feitas na própria sede do PP em Curitiba.

Queiroz Galvão contou, sendo corroborado por seus executivos, que parte desse dinheiro (R$ 300 mil) foi entregue em mãos a Barros numa visita que o hoje líder fez à sede da Galvão, em São Paulo.

Numa segunda oportunidade de negócio, em 2013, o diligente Barros ajudou, ainda segundo o relato que consta da delação, a destravar a venda do restante da São Bento (50,1%) à Copel, quando a Galvão resolveu deixar o setor de energia.

Desta feita, pediu R$ 1,2 milhão para ele e mais 2,5% do valor total da transação, um negócio que saiu por R$ 160 milhões, em doações ao PP do Paraná, do qual, aliás, era o presidente regional.

Se as forças suprapartidárias (e de parte do Judiciário) que querem varrer do mapa a Lava-Jato não agirem logo, em breve (mais) um líder do governo Bolsonaro vira alvo de uma operação da PF.

(Atualização, às 10h29. A assessoria de Ricardo Barros enviou a sewguinte nota: “Surpreso pela informação, o deputado Ricardo Barros repudia a criminalização das doações oficiais de campanha, o ativismo político do judiciário e provará sua inocência. Barros requereu ao STF o acesso à suposta delação para fazer os esclarecimentos e à PGR a investigação para identificar o responsável pelo vazamento. A suposta delação não corresponde aos fatos. Ricardo Barros nunca fez parte dos quadros da Copel, e afirma que não há possibilidade de interferência política nas decisões da Companhia que são embasadas em pareceres de grupos de trabalho de servidores da empresa e aprovadas no conselho de administração.”)

O Globo