Mourão ataca Argentina e Mercosul

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Foto: Jorge William/Agência O Globo

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, fez críticas à Argentina enquanto parceiro comercial dentro do Mercosul e, também, na condução da pandemia de covid-19. Mourão falou na tarde desta quinta-feira em um webinar sobre contexto político-econômico do Brasil, organizado pela Federação das Câmaras de Comércio Exterior (FCCE), Fecomércio RJ e Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Mourão reclamou do atraso para a renovação de licenças de importação a serem emitidas pelo país vizinho, que estariam atrasadas em 60 dias. Além disso, Mourão disse que o comportamento do governo vizinho com relação ao acordo entre Mercosul e União Europeia faz parecer que o “grande esforço de negociações no ano passado começa a fazer água”.

“Aqui na nossa região do Mercosul estamos vivendo um momento particularmente complicado porque o nosso grande parceiro comercial, que é a Argentina, vive uma crise continuada. Não vou nem entrar nos detalhes de orientação ideológica, porque isso a gente tem que passar por cima”, disse Mourão.

As críticas também alcançaram a condução argentina na atual crise sanitária. “A questão da pandemia não teve impacto tão grande na Argentina, que partiu para o isolamento radical, mas agora começa a ter taxas de casos diários extremamente perigosos. Oito mil casos por dia na Argentina equivalem a 40 mil no Brasil”, disse.

Mourão relativizou o número de queimadas na Amazônia e defendeu o desenvolvimento de mais negócios ligados à bioeconomia na região. Ele também saiu em defesa do mapeamento das cadeias de valor da Amazônia e a construção de infraestrutura viável para atração de negócios na região, “com rios, portos e aeroportos”.

“Nossa [rodovia ] BR-219 tem que voltar a funcionar e temos de carrear recursos e investimentos que hoje ficam complicados para o governo face à crise fiscal que enfrentamos. É a hora da turma que fala muito de Amazônia se apresentar para o jogo e colocar recursos nas mãos de empresas que se instalem lá para desenvolver a bioeconomia”, disse Mourão em crítica indireta a empresários, como banqueiros, que se reuniram em movimento pela preservação da floresta.

Perguntado sobre a Zona Franca de Manaus, Mourão disse que esse foi um projeto que triunfou, mas, agora, seria preciso “dar o passo seguinte”, que é trazer a bioeconomia para o enclave tarifário. “À medida em que a Amazônia for mais integrada e com ambiente de negócios mais desenvolvido, haverá desmame do incentivo fiscal para a Zona Franca de Manaus”.

Em outro momento de sua fala, o vice-presidente relativizou os números de queimadas e demastamento na região. “Tínhamos 24 mil focos de calor até 26 de agosto. Isso significa que a cada 200 km², você encontra um foco. É surreal como isso é passado às pessoas”, afirmou. Em seguida, ele disse que o governo brasileiro tem claro onde está o fogo e que os incêndios estão sob controle.

Mourão disse que três grupos pressionam o Brasil na questão ambiental: opositores internos radicais do presidente Jair Bolsonaro, agricultores europeus “incapazes de competir com os brasileiros” – e que tentariam boicotar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, e ativistas ambientais “que acreditam piamente que a Amazônia está sendo destruída e que isso tem reflexo no aquecimento global”.

Mourão definiu esse último grupo como um “bolsão de boas intenções” no debate. Após o diagnóstico, Mourão defendeu que esses grupos sejam contrapostos pelo governo com argumentos sólidos. Ao citar os europeus, afirmou que a agricultura é o “hardpower” do país. “O Brasil é isso [agricultura]. Da mesma forma como nos nós submetemos a outros países na industria, eles têm de se submeter a nós na questão alimentar”, disse.

Valor Econômico