Bolsonaro convenceu Russomanno a virar “arma” contra Doria

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Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro pressionou o deputado federal Celso Russomano (Republicanos -SP) a lançar-se candidato a prefeito de São Paulo e foi decisivo para convencê-lo a encarar sua terceira disputa consecutiva pela prefeitura. Russomano já concorreu em 2012 e 2016, mas não chegou ao segundo turno. Agora, está convencido de que as coisas são diferentes com o apoio presidencial e as redes bolsonaristas na internet.

A mudança de estratégia do presidente, que até o final de agosto dizia nas redes sociais que não se envolveria nas campanhas municipais, ocorreu a partir da confirmação do nome do vereador Ricardo Nunes, do MDB, para ocupar a vice na chapa do prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB).

Há pouco mais de duas semanas, quando foi informado por aliados que a chapa do PSDB teria o MDB na vice, Bolsonaro compreendeu que a escolha confirmava uma aliança entre os dois partidos e o DEM para as eleições da Câmara dos Deputados, em 2021, e para o governo do Estado e presidência da República, em 2022. A eleição paulistana se converteu em uma antecipação do embate eleitoral de 2022.

O presidente nem pestanejou. Passou a fazer telefonemas quase que diariamente para Russomano, com quem já tinha bom relacionamento e mantinha o hábito de trocar piadas e vídeos de humor que circulam pelo aplicativo Whatsapp.

Nas conversas, Bolsonaro garantiu a Russomano que ele seria o seu candidato a prefeito em São Paulo. Num dos diálogos, pediu ao deputado para “pensar com carinho” na possibilidade de concorrer.

O apresentador, que trabalha na TV Record em São Paulo, costumava dizer nos corredores da emissora que receberia o apoio de Bolsonaro se resolvesse se candidatar.

O deputado se orgulha em mostrar a assessores próximos os vídeos que “o nosso capitão”, como se refere ao presidente, costuma lhe enviar pelo celular.

Russomano e principalmente o presidente nacional do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP), já estão atuando nos bastidores. Há cerca de 10 dias o deputado procurou o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), Paulo Skaf, para marcar um almoço. O candidato quer a ajuda de Skaf para costurar apoio entre o empresariado. O presidente da Fiesp é hoje o principal canal de interlocução dos empresários paulistas com o presidente Bolsonaro. Marcos Pereira também não perdeu tempo e já articula um jantar com representantes da indústria que deve ocorrer esta semana a fim de levantar fundos para a campanha de Russomano.

Segundo uma fonte próxima do presidente, na avaliação política de Bolsonaro, derrotar Covas na campanha de reeleição é estratégico para retirar palanque de Doria, que não faz questão nenhuma de esconder sua ambição em subir a rampa do Palácio do Planalto. Uma eventual derrota de Covas para o candidato apoiado por Bolsonaro imporia importante derrota ao governador em seu próprio território.

Bolsonaro não pretende fazer campanha por Russomano abertamente. Ao menos não durante o primeiro turno. Mesmo porque em tempos de pandemia não há palanques para se dividir, apesar de Bolsonaro ter gosto por uma aglomeração. Mas o presidente já adiantou ao candidato do Republicanos que vai usar as redes sociais e suas lives para apoiá-lo. Não é pouca coisa.

Neste sábado, o presidente recebeu a visita de Russomanno no hospital Albert Einstein, onde convalesceu de uma operação na bexiga. O presidente posou para foto ao lado do candidato, que postou a imagem em sua conta no instagram.

Dentro do Republicanos, a expectativa é que Russomano desencante e chegue ao segundo turno. Para tanto, Marcos Pereira orientou o candidato a evitar entrevistas por ora, para evitar polêmicas.

Valor Econômico