Copom prevê alta da inflação

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Foto: Jorge William / Agência O Globo

Diante do aumento de preços de alimentos da cesta básica, o Banco Central (BC) vê uma alta na inflação ao consumidor no curto prazo. A informação foi divulgada nesta terça-feira por meio da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 2%.

Segundo o Copom, essa alta deve acontecer por dois fatores. O aumento “temporário” nos preços dos alimentos e a volta do funcionamento da economia, com “recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade”.

Com uma economia lenta, como estava durante os primeiros meses da crise do coronavírus, o consumo diminuiu, contribuindo para a baixa da inflação. Na avaliação do Comitê, essa situação começa a ser revertida.

“A recomposição da renda e os demais programas do governo vêm permitindo que a economia brasileira se recupere relativamente mais rápido que a dos demais países emergentes. Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o período a partir do final deste ano, concomitantemente ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais”, diz a Ata.

Apesar do aumento dos preços no curto prazo, o Banco Central vê a inflação em níveis baixos no longo prazo, principalmente para 2021 e 2022.

O relatório Focus, que reúne as expectativas de mercado para as principais estatísticas econômicas, prevê a inflação em 3% em 2021 e 3,5% em 2022. A meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,75% para o próximo ano e 3,5% para 2022.

Na visão do Copom, os efeitos diferentes da crise nos diversos setores da economia podem trazer um impacto desinflacionário.

“Dada a natureza do choque, o setor de serviços deve continuar a apresentar maior ociosidade que os demais. O Comitê concluiu que a natureza da crise provavelmente implica que pressões desinflacionárias provenientes da redução de demanda podem ter duração maior do que em recessões anteriores”.

O comportamento da inflação é um índice importante para o Banco Central determinar a taxa básica de juros. Na avaliação do Copom, se as taxas inflação continuarem baixas, os juros poderão também se manter em patamares baixos por um bom período.

O BC também condicionou a manutenção dos juros baixos a dois fatores. O primeiro, a manutenção do regime fiscal, ou seja, ao controle de gastos do governo. Segundo, à ancoragem das expectativas de inflação de longo prazo.

Na reunião, a autoridade monetária também discutiu sobre a eficácia do forward guidance, nova ferramenta de política monetária do Banco Central usada pela primeira vez na reunião de agosto. Esse instrumento consiste em utilizar a própria comunicação do Banco Central como uma forma de influenciar as taxas de juros.

Na discussão, os membros do Copom consideraram que as condições para manutenção do forward guidance continuam neste mês.

“O Comitê considera que as expectativas de inflação assim como as projeções de inflação de seu cenário básico encontram-se significativamente abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária; o regime fiscal não foi alterado; e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas”

O Banco Central começou a utilizar o forward guidance porque teme que novas reduções na Selic podem ter efeitos negativos, como a instabilidade de preços no mercado e aumento no dólar. Nesse cenário, o Copom avaliou que novos cortes de juros dependem das contas públicas em ordem.

“Eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”.

O Globo