Covas quer evitar disputa entre Doria e Bolsonaro em SP

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Foto: Rodrigo Antonio / Agência O Globo

A possibilidade de engajamento do presidente Jair Bolsonaro já no primeiro turno em São Paulo levou os principais candidatos a reavaliarem cenários e estratégias para a eleição. A maior preocupação, entretanto, manifestou-se na candidatura do prefeito Bruno Covas (PSDB). O tucano quer evitar a todo custo que a campanha paulistana descambe para uma polarização entre Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB), líder de rejeição entre os eleitores da capital.

Apesar do discurso oficial que tenta minimizar o impacto de Bolsonaro na eleição, a equipe de Covas tem considerado, sim, “preocupante” uma adesão do presidente à candidatura de Celso Russomanno (Republicanos). Depois do discurso feito pelo deputado na última quarta-feira ao formalizar sua postulação, a coordenação da campanha do prefeito passou a esperar que Bolsonaro manifeste um apoio público ao adversário ainda no início da disputa. Ontem, o presidente divulgou nas redes sociais um vídeo em que Russomanno defende o posicionamento do governo federal ao notificar supermercados sobre a alta no preço do arroz. “Uma aula de humildade e conhecimento”, escreveu Bolsonaro, em referência às explicações do candidato.

Ao lançar a candidatura, Russomanno afirmou que estará “alinhado” ao presidente e fez uma primeira provocação para arrastar Doria ao centro do debate eleitoral.

— As pessoas podem falar muitas coisas de Bolsonaro e até não concordar com sua administração, mas ninguém pode dizer que ele não é um patriota e que não está construindo um Brasil para todos — afirmou Russomanno, que prosseguiu: — Vou governar por quatro anos. Não abandonarei São Paulo de forma nenhuma.

Doria deixou o cargo de prefeito em 2018, após um ano e três meses de gestão, para se candidatar a governador. A decisão acarreta até hoje altos índices de rejeição a ele na cidade. Na eleição para governador, ele perdeu na capital, enquanto Bolsonaro teve 60% dos votos válidos no segundo turno. O presidente também tem uma rejeição considerável na cidade, mas ela é menor do que a do tucano.

A estratégia cogitada na campanha de Covas é já iniciar um distanciamento de Doria. A orientação foi tema de uma conversa na semana passada com um interlocutor do governador, mas não se sabe ainda qual será a reação dele. No dia 12, Covas saiu da sua convenção partidária dizendo que não esconderia nenhum dos seus apoiadores. Mas a verdade é que sempre houve um incômodo com a má avaliação do governador na capital. O aumento das chances de uma participação ativa de Bolsonaro na disputa só fez elevar o grau de desconforto.

— Não tenho nenhum apoio que eu vá esconder nessa campanha. Todos sabem da boa relação que eu tenho com o governador João Doria — disse o prefeito.

O candidato do Republicanos, que aparece nas sondagens feitas pelas campanhas entre os primeiros lugares na disputa, mantém com o presidente uma relação de amizade. Apesar da declaração de Russomanno de que é alinhado a Bolsonaro, o espólio eleitoral do presidente na capital é disputado por outros candidatos do campo conservador. Mesmo Covas, que se apresenta como uma opção de centro-esquerda, vai tentar atrair parte desse eleitorado.

O Globo