Déficil de União, Estados e municípios chega R$ 900 bi

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Foto: AMANDA PEROBELLI / Reuters

Com os gastos emergenciais por causa da crise do coronavírus, a União, estados, municípios e estatais registrarão neste ano um déficit de R$ 895,8 bilhões. Só em despesas contra a pandemia, o volume chegou a R$ 607 bilhões.

O número foi divulgado nesta segunda-feira pelo secretário especial da Fazenda Waldery Rodrigues, durante audiência pública na comissão que acompanha as ações de combate à Covid-19.

Foi a primeira participação do secretário em evento público desde a crise interna no governo causada pelas discussões sobre como financiar um novo programa social.

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Questionado sobre as divergências internas, Waldery afirmou que as discussões estão “muito serenas”.

— A discussão está se dando de forma muito serena, muito direta, para que não haja nenhuma divergência entre o posicionamento do Poder Executivo e das lideranças — disse o secretário.

Do total do déficit previsto, R$ 871 bilhões são referentes ao rombo esperado para o governo federal.

O número é maior que os R$ 861 bilhões previstos na semana passada pelo Ministério da Economia porque, nos últimos dias, o governo liberou R$ 10 bilhões para financiar o programa de empréstimos por meio de maquininhas de cartão.

— É um número muito elevado, mas ele é justificado. Trabalhamos com ele contido em 2020. Para efeitos comparativos, o resultado primário mais grave que tivemos foi no comecinho de 2016, que foi da ordem de 2,6% do PIB. Agora subirá para 12,5% do PIB que mostra não só a severidade dessa crise, mas também a ação pronta do governo — disse Waldery.

O secretário destacou que os R$ 607 bilhões gastos para combater a doença é mais de seis vezes o total de despesas discricionárias (não obrigatórias, como investimentos e manutenção da máquina), algo próximo a R$ 100 bilhões.

— Estamos no enfrentamento da pandemia mais grave dos últimos cem anos. Nossas diretrizes são a proteção dos mais vulneráveis e da manutenção do emprego e da renda — afirmou.

Pelo menos 97% dos gastos são do lado das despesas e apenas 3% das receitas. São, respectivamente, R$ 20,6 bilhões e R$ 586 bilhões. A medida que mais se destaca, no segundo caso, é a redução temporária do IOF, estimada em R$ 14 bilhões.

Ele também destacou a queda das tarifas de importação, do IPI, PIS/Cofins e suspensão do pagamento de dívidas previdências.

Na parte de despesas, foram tomadas 25 medidas, incluindo auxílio emergencial, Pronampe (crédito para pequenas e médias empresas) e o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEM).

Há duas semanas, Waldery disse em entrevistas que o governo estudava congelar aposentadorias e pensões para abrir espaço no Orçamento para o Renda Brasil, sucessor do Bolsa Família que foi rebatizado de Renda Cidadã.

Desde então, o auxiliar do ministro Paulo Guedes vinha evitando participações em coletivas de imprensa do ministério e outros eventos públicos.

Ele não participou, por exemplo, da entrevista concedida pela equipe econômica para anunciar as novas projeções de crescimento econômico e de inflação.

Dias depois, o Ministério da Economia divulgou o relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas sem coletiva de imprensa.

Nesse período, sua saída do cargo chegou a ser cogitada, já que Bolsonaro ameaçou de “cartão vermelho” o autor da ideia de não reajustar os benefícios previdenciários.

O Globo