Flordelis ainda dá cartas no PSD

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Foto: REDES SOCIAIS/ REPRODUÇÃO

Mais de um mês após ter sido suspensa do Partido Social Democrático (PSD), a deputada federal Flordelis dos Santos de Souza (RJ) segue nos grupos de WhatsApp da sigla e até participa das reuniões virtuais da bancada na Câmara dos Deputados sem resistência dos colegas.

Fontes no partido ouvidas pela reportagem relatam que nessa terça-feira (29/9), em um dos encontros virtuais, Flordelis chegou a pedir a palavra, que usou apenas para elogiar a condução da reunião pelo líder do partido, o deputado Diego Andrade (MG).

Flordelis foi denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), em 24 de agosto, como mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, morto em abril de 2019. Ela não foi presa devido à imunidade parlamentar.

Nesse dia, o presidente do PSD, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia e ex-prefeito de São Paulo (SP) Gilberto Kassab, informou que a deputada seria suspensa da sigla e, caso condenada, expulsa – processo que até hoje não foi oficializado.

“O corpo jurídico do partido adotará as medidas para a suspensão imediata de sua filiação e, a partir dos desdobramentos perante a Justiça, serão adotadas as medidas estatutárias para a expulsão da parlamentar dos seus quadros”, afirmou.

Procurada nessa terça-feira (29/9), o PSD nacional ressaltou que não existe processo de expulsão em andamento. “Ela [Flordelis] está suspensa e, como foi dito por Kassab, a expulsão é um caminho natural em caso de condenação.”

Por sua vez, a liderança do PSD na Câmara dos Deputados foi procurada, questionada sobre o motivo de Flordelis continuar participando das reuniões da bancada, mas não se manifestou até a publicação dessa reportagem. O espaço segue aberto.

A suspensão é a sanção máxima que uma sigla pode fazer contra um eleito sem a mediação da Justiça Eleitoral e sem expulsá-lo. Na prática, a ação deveria paralisar as atividades partidárias do político, como a participação nas bancadas.

De acordo com consulta feita no site da Câmara dos Deputados, no entanto, Flordelis assumiu, no último dia 22 de setembro, a titularidade da Secretaria da Mulher na Casa Legislativa. Os cargos em comissões são definidos pelos partidos – no caso, o próprio PSD.

A assessoria de imprensa da deputada federal Flordelis dos Santos de Souza foi convidada a comentar esta reportagem, mas também não se manifestou. O espaço segue aberto.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) negou, na última quinta-feira (24/9), pedido de suspensão de monitoramento por tornozeleira eletrônica feito pela defesa da deputada Flordelis, o advogado Anderson Rollemberg.

A decisão do magistrado teve como embasamento o fato de a Justiça não conseguir intimar Flordelis para determinar o uso do equipamento. Na última semana, um oficial tentou localizar a parlamentar no Rio, mas não conseguiu encontrá-la.

Uma semana após apresentar a defesa à Corregedoria da Câmara dos Deputados, a deputada federal Flordelis foi ouvida no último dia 22 pelo corregedor da Casa, deputado Paulo Bengtson (PTB-PA), em seu apartamento funcional em Brasília.

A oitiva, que durou 1h40, faz parte da defesa no processo contra ela na Câmara por quebra de decoro parlamentar. A deputada estava acompanhada do seu advogado, Anderson Rollemberg, e respondeu a um questionário com 10 perguntas.

“Hoje, Flordelis estava mais abalada que na outra vez que a encontrei. Chorou em vários momentos do depoimento”, disse Bengtson. Ao ser questionado se a deputada falaria com a imprensa, Rollemberg disse que não, pois ela estava “bastante emocionada”.

Além de apontá-la como mentora do assassinato do próprio marido, as investigações do MPRJ sobre a morte do pastor Anderson identificaram indícios de nepotismo e de suposta prática de “rachadinha” no gabinete da parlamentar fluminense.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu em 16 de setembro, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), tais indícios. As informações repassadas pelo MPRJ serão analisadas pela PGR, que poderá pedir a abertura de um inquérito.

Reportagem do Metrópoles revelou, nesse domingo (27/9), que a Câmara dos Deputados pagou, nos últimos 12 meses, R$ 690,5 mil para quatro filhos afetivos da deputada federal Flordelis que estavam lotados no gabinete da parlamentar.

O montante equivale à soma da remuneração mensal, de auxílios e de gratificações natalinas paga pela Casa Legislativa a quatro filhos – que hoje estão todos exonerados – da congressista entre setembro de 2019 e agosto deste ano.

São eles: Carlos Ubiraci Francisco da Silva, Paulo Victor Izidoro Vieira, André Luiz de Oliveira e o pastor Gerson Conceição de Oliveira. Dessa turma, dois – Carlos e André Luiz – foram presos em 24 de agosto acusados de participarem do assassinato do pastor.

O pastor Gerson, por sua vez, é investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), da Polícia Civil, por supostamente ter participado do homicídio. Flordelis foi apontada como a mandante do crime, mas não foi presa.

Metrópoles