JBS investirá na preservação da Amazônia

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Foto: Reprodução

A JBS quer aumentar o cerco sobre a sua cadeia de fornecedores de bovinos, trazendo para dentro da porteira de monitoramento o elo que faltava para assegurar que a carne que chega ao consumidor não contribui para a derrubada da Floresta Amazônica: os fornecedores de seus fornecedores.

A nova Plataforma Verde JBS vai utilizar tecnologia blockchain para processar dados de conformidade socioambiental de todas as fazendas, sejam elas de propriedade de fornecedores diretos ou indiretos — coibindo a chamada prática de triangulação, quando o animal é transportado entre fazendas para maquiar a sua origem.

A tecnologia usada em criptomoedas impede a adulteração de registros e permitirá que supermercados, instituições financeiras e demais parceiros comerciais também acessem as informações sobre a origem do animal, garantindo mais transparência e confiabilidade.

Junto com o lançamento da nova plataforma, a dona das marcas Friboi e Seara, que é a maior produtora de proteína animal do mundo, também anunciou a criação do fundo JBS pela Amazônia, com uma doação inicial de R$ 250 milhões nos primeiros cinco anos para financiar ações de conservação e projetos de desenvolvimento sócio econômico de comunidades da região.

— Estamos indo além, não nos limitando à nossa cadeia de valor, mas com uma visão mais ampla do impacto das emissões e do que a gente acredita serem as necessidades da sociedade. Não vamos resolver sozinhos, mas queremos ser um agente catalisador e influenciar no desenvolvimento sustentável da Amazônia, na bioeconomia e na melhoria da qualidade de vida das populações que lá vivem — diz Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, em entrevista à coluna CAPITAL.

O lançamento do programa acontece em um momento em que o desmatamento bate recordes e o país e o agronegócio estão sob fogo cerrado de investidores e governos estrangeiros pela falta de demonstração de compromisso do governo federal em relação à preservação da Amazônia.

— Não estamos fazendo isso para responder a esse tipo de questionamento. Há mais de dez anos temos compromisso com zero desmatamento. A gente faz porque é o certo, pois a questão climática é vital e se não preservarmos o meio ambiente vamos impactar as futuras gerações. É uma visão de longo prazo. A sobrevivência das empresas e do seres humanos vai depender dessa interconexão com a natureza — diz Tomazoni.

Desde 2009 a JBS possui um sistema de monitoramento por satélite que hoje permite rastrear a origem de seus fornecedores diretos, em uma área de 45 milhões de hectares. Só no bioma amazônico são 50 mil fornecedores cadastrados e monitorados diariamente — e uma lista de 9 mil que foram barrados por não estarem em conformidade com as melhores práticas socioambientais.

No início do ano, porém, a JBS foi alvo de uma investigação que revelou a prática de triangulação envolvendo fornecedores indiretos, que transportavam o gado criado em terras desmatadas ilegalmente ou em reservas indígenas para uma fazenda autorizada e rastreada, mascarando a verdadeira origem do animal.

A Plataforma Verde será implementada de forma gradual, começando com um projeto piloto no Mato Grosso. A expectativa é de que 100% dos fornecedores diretos e indiretos de bovinos estejam integrados até 2025.

A empresa dará apoio jurídico, agropecuário e ambiental para que os fornecedores indiretos entrem em conformidade e aumentem a sua produtividade por hectare para não demandar mais terras — É um projeto completo de apoio e educação. Queremos que todos sejam integrados — diz Tomazoni.

O fundo JBS pela Amazônia será comandado por Joanita Karoleski, que presidiu a Seara e hoje está à frente do programa da JBS de ações de enfrentamento da Covid-19. A executiva será apoiada por um comitê técnico e um conselho consultivo formado por grandes lideranças no debate ambiental, como o cientista Carlos Nobre, defensor da bioeconomia, e Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), além de ambientalistas e representantes de redes de supermercados.

O fundo poderá receber doações de outras empresas ou indivíduos e a JBS se compromete a complementar com uma doação equivalente à contribuição que receber de terceiros, podendo elevar o seu aporte para R$ 500 milhões até 2030.

O Globo