Lava Jato só não acusa advogados de serem santos

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Foto: Reprodução/MPF

Simultaneamente à abertura da Operação E$quema S na manhã desta quarta-feira, 9, o Ministério Público Federal anunciou que parte das apurações já havia sido condensada em denúncia correspondente ao suposto desvio de R$ 151 milhões do sistema S do Rio. A acusação foi recebida pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, que colocou 26 pessoas no banco dos réus, entre eles o ex-governador Sérgio Cabral e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, além de advogados como Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, que representam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ana Tereza Basílio, que defende o governador afastado do Rio Wilson Witzel, Eduardo Martins, filho do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) César Asfor Rocha e seu filho, Caio Rocha.

Segundo a denúncia de mais de 500 páginas assinadas por 11 procuradores, uma organização criminosa teria sido integrada e financiada essencialmente por advogados para desviar valores milionários que teriam atingido tanto os cofres da Fecomércio-Rj quanto do Senac e do Sesc no Rio. A peça abrange 43 fatos criminosos, entre eles a prática de organização criminosa, tráfico de influência, estelionato, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção ativa e passiva e exploração de prestígio.

O documento cita ainda outros supostos desvios, da ordem de R$ 204 milhões, que ainda são objeto de apuração. Nessa linha, agentes da Polícia Federal cumprem 50 mandados de busca e apreensão em seis Estados e no Distrito Federal, investigando contratos advocatícios e ainda indícios de devolução em espécie a Diniz, por parte de alguns denunciados e outros investigados.

Entre os alvos da ofensiva que não foram denunciados está o advogado Frederick Wassef, ex-defensor da família Bolsonaro. A força-tarefa da Lava Jato fluminense identificou repasses de ao menos R$ 2,6 milhões feitos em benefício do escritório do advogado por parte de um outro escritório que teria desviado cerca de R$ 4,4 milhões do Senac e do Sesc do Rio.

A Procuradoria aponta como integrantes do ‘núcleo duro’ da organização criminosa: o ex-presidente da Fecomércio/RJ e do SESC e do SENAC Rio Orlando Diniz – que fechou delação premiada com o MPF;o ex-diretor regional do SESC e do Senac no Rio Marcelo Almeida; os advogados Roberto Teixeira, Cristiano Zanin, Fernando Hargreaves, Vladimir Spíndola, Ana Tereza Basílio, José Roberto Sampaio, Eduardo Martins (filho do atual presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Humberto Martins); o ex-governador Sérgio Cabral e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo. Os 11 foram denunciados por organização criminosa.

Ainda de acordo com a denúncia, teriam sido firmados contratos fictícios entre a Fecomércio-RJ e escritórios de advocacia, fazendo referência a serviços não prestados. Os pagamentos teriam se destinado a outros fins, como corromper o servidor do TCU Cristiano Rondon e também influenciar em decisões do Conselho Fiscal do SESC. Os advogados contratados teriam extraído vantagens indevidas das negociações. Confira a seguir os resumos das imputações feitas pelo Ministério Público Federal aos denunciados.

A contratação Inicial de Roberto Teixeira, Cristiano Zanin e Fernando Hargreaves
De 2012 a 2013, os advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin – que atualmente representam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – e o advogado Fernando Hargreaves, com o consentimento do então presidente da Fecomércio no Rio, Orlando Diniz, teriam assinado contratos com a instituição com pagamentos de valores em benefício dos três primeiros. Além disso, cerca de R$ 1 milhão em espécie teria sido entregue por Orlando Diniz ao advogado Roberto Teixeira, com a ajuda do doleiro Álvaro Novis, para influir no Conselho Fiscal do SESC Nacional, o que levou à imputação de tráfico de influência.

Em contratos firmados entre os advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin com a Fecomércio-RJ, os advogados teriam obtido vantagem indevida, recebendo o montante de R$ 9,5 milhões entre 2012 e 2013. O valor teria sido lavado pelos quatro por meio de contratos falsos entre a Fecomércio-RJ e os escritórios Teixeira, Martins & Advogados e Hargreaves Advogados Associados, incluindo a emissão de notas relativas a serviços de advocacia não prestados, mas que mesmo assim foram pagos pela Fecomércio-RJ, configurando estelionato e lavagem de dinheiro, segundo os investigadores.

A contratação de Vladimir Spíndola
De 2013 a 2014, os advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, teriam determinado a contratação do advogado Vladimir Spíndola pela Fecomércio, a pretexto de influir em atos do Tribunal de Contas da União (TCU). Com o mesmo argumento, Spíndola, com o consentimento de Teixeira, Zanin e Diniz, teria determinado a contratação do advogado Marcelo Oliveira.

Já de 2014 a 2015, Teixeira, Zanin, Spíndola e o também advogado Edgar Leite teriam oferecido vantagem indevida ao auditor de controle externo do TCU Cristiano Rondon para que ele praticasse atos de interesse do então presidente da Fecomércio-RJ Orlando Diniz. Segundo a Lava Jato, Rondon aceitou e recebeu R$ 827.810,08. Entre 2014 e 2015, o grupo teria lavado os recursos recebidos como propina mediante depósitos fracionados em dinheiro e a interposição dos escritórios de advocacia Spíndola Palmeira Advogados, Edgar Leite Advogados e Leonardo Henrique Advogados – ao qual Rondon teria se associado para que os valores fossem recebidos pelo servidor na forma distribuição de lucros.

A Procuradoria fluminense aponta ainda que entre 2013 e 2014, Spíndola, com determinação de Teixeira e de Zanin, teria assinado contratos e aditivos com a Fecomércio-RJ, que formalmente diziam respeito a serviços de advocacia, mas que na prática teriam o propósito de obtenção de vantagem indevida, no valor de R$ 4.860.977,76. O mesmo teria sido praticado pelo advogado Marcelo Oliveira, com obtenção de propina de R$ 915.037,50. Os valores foram lavados por meio de contratos simulados entre a instituição e os escritórios dos envolvidos, dizem os investigadores.

Pelo conjunto dos supostos crimes, os investigadores apontam a configuração de tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e estelionato.

A contratação de Ana Basílio
Segundo a força-tarefa da Lava Jato no Rio, entre março de 2014 e junho de 2015, a advogada Ana Basílio – que atualmente representa o governador afastado do Rio Wilson Witzel (PSC) – teria obtido vantagem ilícita de R$ 6,3 milhões, com a ajuda do ex-presidente da Fecomércio fluminense e de Zanin, por meio de ‘contratos falsos relativos a serviços que se sabia que não seriam prestados por seu escritório’, resultando na imputação de peculato. Os investigadores dizem ainda que em março de 2016 Ana teria desviado para si, em 2016, R$ 1 milhão do SESC-RJ e SENAC-RJ. Já lavagem dos R$ 7,3 milhões teria ocorrido entre 2014 e 2016, por meio de contratos supostamente falsos entre a Fecomércio-RJ e o escritório de Ana, com emissão de cinco notas relativas a serviços não prestados.

No mesmo capítulo destinado a tratar das imputações a Ana Basílio, os procuradores indicam ainda que em 2014, o advogado José Roberto Sampaio, com a ajuda de Diniz, Zanin e da atual advogada de Witzel, obteve para si e para o advogado Eurico Teles, vantagem ilícita no valor total de R$ 1.652.000,00, pagos pela Fecomércio-RJ mediante um contrato falso. O valor teria sido lavado por meio do contrato falso e da emissão de notas relativas a serviços não prestados. Do montante total, R$ 1.180.000,00 teria sido repassado ao escritório de Eurico Teles, que também dissimulou a origem dos recursos, diz a Procuradoria.

A contratação irregular de Eurico Teles
A Lava Jato fluminense acusa o advogado Eurico Teles de, em 2014, obter para si, com a ajuda de Diniz, Zanin e Ana Basilio, ‘vantagem ilícita decorrente do pagamento de R$ 5.582.000,00 pela Fecomércio-RJ por meio de contratos falsos firmados com a instituição’. Segundo os investigadores, parte dos serviços de advocacia contratados já estavam cobertos por outro contrato, e outra parte não seria efetivamente prestada. Com a ajuda de Cristiano Zanin e Ana Basilio, Orlando Diniz e Eurico Teles teriam ainda lavado os recursos por meio de contratos e notas falsas. As imputações no caso são as de estelionato e lavagem de ativos.

A contratação irregular de Flávio Zveiter
Em 2016, o advogado Flavio Zveiter, com a ajuda do então presidente da Fecomércio do Rio Orlando Diniz e dos advogados Cristiano Zanin e Ana Basílio, teria desviado para si R$ 5 milhões dos cofres do SESC-RJ e SENAC-RJ por meio de contrato falso com a Fecomércio-RJ, firmado com data retroativa e relativo a serviços que segundo a promotoria não foram prestados e configuraram peculato. Entre 2015 e 2016, Orlando Diniz e o advogado Flavio Zveiter, ainda com a ajuda dos advogados Cristiano Zanin e Ana Basilio, teriam lavado os recursos por meio de contratos e notas falsas. As imputações neste caso são de lavagem de dinheiro.

A contratação de Eduardo Martins para ‘influir em atos’ de ministros do STJ
Em 2014, Zanin, com a ajuda de Hargreaves, teria solicitado e obtido de Orlando Diniz, a contratação do advogado Eduardo Martins pela quantia de R$ 5,5 milhões, a pretexto de influir em atos praticados por ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). No mesmo ano, Eduardo Martins teria obtido, para ele e para o advogado Eurico Teles, vantagem ilícita de R$ 2 milhões no caso – R$ 1,3 para si mesmo e R$ 619 mil para Eurico. Os valores foram repassados entre maio e dezembro de 2014, mediante formalização de um contrato de honorários advocatícios. A Procuradoria também aponta que em maio de 2014, Eduardo Martins teria obtido para si, com auxílio de Zanin e Diniz, vantagem ilícita de R$ 3,5 milhões. A lavagem do montante total, R$ 5,5 milhões, se deu por meio de dois contratos de honorários advocatícios supostamente falsos, firmados entre a Fecomércio/RJ e o escritório Martins & Rossiter Advogados Associados e consequente emissão de duas notas fiscais.

Já em uma segunda leva de contratos que beneficiaram Eduardo Martins, a Procuradoria diz que Cristiano Zanin solicitou e obteve de Diniz a contratação de Martins, pela quantia de R$ 77,5 milhões, também sob o pretexto de influência em atos praticados por ministros do Superior Tribunal de Justiça. Segundo os investigadores, R$ 37,4 milhões teriam sido desviados, com ajuda de Diniz e Zanin, em favor de Martins e Asfor Rocha – R$ 36,5 milhões para o primeiro e R$ 900 mil para o segundo. Tal desvio se deu mediante a elaboração de três contratos de honorários advocatícios, firmados entre a Fecomércio e o Escritório de Advocacia Martins, dizem os investigadores. A denúncia aponta ainda que em duas das contratações, foram apostas datas retroativas e, em todos os acordos ‘os serviços previstos sabidamente não seriam prestados pelo Martins & Rossiter Advogados Associados e pelo Escritório de Advocacia Martins’. O dinheiro foi lavado com a consequente emissão de quinze notas fiscais, diz o MPF.

Ainda segundo as investigações, o restante dos R$ 77 milhões – R$ 40,1 mi – foram desviados entre dezembro de 2015 e julho de 2017, mediante formalização de cinco contratos de honorários advocatícios ideologicamente falsos firmados com a Fecomércio em nome de Antonio Coelho, Daniel Rossiter, Hermann de Almeida, Jamilson Farias e Marcelo Oliveira. O dinheiro foi lavado mediante a emissão de 23 notas fiscais pelos escritórios vinculados aos nomes citados:Advocacia Gonçalves Coelho, Almeida & Teixeira Advocacia, Farias Advogados Associados, Oliveira & Brauner Advogados Associados, e Rossiter Advocacia e consequente emissão de vinte e três notas fiscais a eles vinculadas

A contratação irregular de João Cândido Martins Ferreira Leão – a pedido de Cabral e de Adriana Ancelmo
A contratação de João Cândido pela Fecomércio é a primeira apontada pelos procuradores como uma indicação do ex-governador Sérgio Cabral e da ex-primeira-dama Ancelmo. Segundo o MPF, o casal, juntamente com Diniz e o advogado contratado, desviaram em proveito deste último R$ 11 milhões do sistema S fluminense com pagamentos de honorários advocatícios, por serviços que efetivamente não foram prestados. De tal montante, R$ 1,6 milhões teriam sido repassados, em abril de 2016, para Cesar Asfor Rocha Sociedade de Advogados. O dinheiro foi lavado mediante a confecção de um contrato e um aditivo contratual simulados entre a Fecomércio/RJ e o escritório Ferreira Leão Advogados e emissão de cinco notas fiscais ideologicamente falsas, relativos a serviços advocatícios não prestados.

Repasses por meio de ‘laranja’ para Asfor Rocha e Caio Rocha
A Lava Jato fluminense aponta que, entre novembro de 2015 e maio de 2016, Cabral e a ex-primeira-dama, com auxílio dos advogados João Cândido e Eduardo Martins, pediram a Diniz a contratação de Asfor Rocha, ex-ministro do STJ, e Caio Rocha, filho de Asfor, por R$ 2.679.417,50. O pretexto da contratação seria a influência em atos praticados por Ministros do Superior Tribunal de Justiça, dizem os investigadores. Ainda segundo a denúncia, entre março e maio de 2016, o valor foi desviado da Fecomércio em benefício de Francisco e Caio e lavado com pagamentos de honorários por serviços não prestados para os escritórios de advocacia de João Cândido e Eduardo Martins, com posterior transferência aos reais beneficiários dos valores. Em tal caso, as imputações são de exploração de prestígio, peculato e lavagem.

Contratação de Tiago Cedraz
Entre março de 2015 e junho de 2017, Cabral e Adriana Ancelmo pediram a Orlando Diniz que contratasse o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União, pelo valor de R$ 13.703.333,33, a pretexto de influenciar atos praticados pela Corte de Contas, acusa do MPF. O grupo teria desviado o valor de recursos do Sesc e do Senac entre março de 2016 e junho de 2017, com pagamentos de honorários advocatícios, por serviços que efetivamente não foram prestados, segundo os procuradores. Segundo a Lava Jato, dinheiro foi lavado mediante a confecção de contrato simulado entre a Fecomércio e o escritório Cedraz Advogados e emissão de treze notas fiscais ideologicamente falsas, relativos a serviços advocatícios não prestados. Nessa linha, a Procuradoria acusa os envolvidos de tráfico de influência, peculato e lavagem.

Contratação de Marcelo Nobre
Segundo os procuradores do Rio, entre julho e dezembro de 2016, o ex-governador Sérgio Cabral e a ex-primeira dama Adriana Ancelmo pediram a Orlando Diniz a contratação de Marcelo Nobre por R$ 47,2 milhões a pretexto de influenciar atos praticados pelo Tribunal de Contas da União. O pedido foi atendido entre agosto e dezembro, o grupo desviou, em benefício de Marcelo, R$ 8 milhões em recursos do Sesc e Senac, com pagamentos de honorários advocatícios, por serviços que efetivamente não foram prestados, diz a Procuradoria fluminense. Os recursos foram supostamente lavados mediante a confecção de contrato simulado entre a Fecomércio e o escritório Marcelo Nobre Advogados e a emissão de seis notas fiscais ideologicamente falsas, relativos a serviços advocatícios não prestados. O MPF imputa aos envolvidos crimes de tráfico de influência, peculato e lavagem.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO CRISTIANO ZANIN

“1. Atentado à advocacia e retaliação. A iniciativa do Sr. Marcelo Bretas de autorizar a invasão da minha casa e do meu escritório de advocacia a pedido da Lava Jato somente pode ser entendida como mais uma clara tentativa de intimidação do Estado brasileiro pelo meu trabalho como advogado, que há tempos vem expondo as fissuras no Sistema de Justiça e do Estado Democrático de Direito. É público e notório que minha atuação na advocacia desmascarou as arbitrariedades praticadas pela Lava Jato, as relações espúrias de seus membros com entidades públicas e privadas e sobretudo com autoridades estrangeiras. Desmascarou o lawfare e suas táticas, como está exposto em processos relevantes que estão na iminência de serem julgados por Tribunais Superiores do país e pelo Comitê de Direitos Humano da ONU. O juiz Marcelo Bretas é notoriamente vinculado ao presidente Jair Bolsonaro e sua decisão no caso concreto está vinculada ao trabalho desenvolvido em favor de um delator assistido por advogados ligados ao Senador Flavio Bolsonaro. A situação fala por si só.

2. Comprovação dos serviços. De acordo com laudo elaborado em 2018 por auditores independentes, todos os serviços prestados à Fecomércio/RJ pelo meu escritório entre 2011 e 2018 estão devidamente documentados em sistema auditável e envolveram 77 (setenta e sete) profissionais e consumiram 12.474 (doze mil, quatrocentas e setenta e quatro) horas de trabalho. Cerca de 1.400 (mil e quatrocentas) petições estão arquivadas
em nosso sistema. Além disso, em 2018, a pedido da Fecomércio-RJ, entregamos cópia de todo o material produzido pelo nosso escritório na defesa da entidade, comprovando a efetiva realização dos serviços que foram contratados. Os pagamentos, ademais, foram processados
internamente pela Fecomércio/RJ por meio de seus órgãos de administração e fiscalização e foram todos aprovados em Assembleias da entidade — com o voto dos associados.

3. Natureza dos serviços prestados. Nosso escritório, com 50 anos e atuação reconhecida no mercado, foi contratado a partir de 2012 para prestar serviços jurídicos à Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), que é uma entidade privada que representa os 2 milhares de empresários e comerciantes daquele Estado. A atuação do escritório em favor da Fecomércio/RJ e também de entidades por ela geridas por força de lei — o Sesc-RJ e do SenacRJ —, pode ser constatada em diversas ações judiciais que tramitaram perante o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, do Superior Tribunal de Justiça, do Supremo Tribunal Federal, e também em procedimentos que tramitam no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e perante outros órgãos internos e externos à entidade. Em todos os órgãos judiciários houve atuação pessoal e diligente do nosso escritório. A atuação do nosso escritório deu-se um litígio de grandes proporções, classificado como uma “guerra jurídica” por alguns veículos de imprensa à época, entre a Fecomércio/RJ e a Confederação Nacional do Comércio (CNC), duas entidades privadas e congêneres de representação de empresários e comerciantes. Cada uma delas contratou diversos escritórios de advocacia para atuar nas mais diversas frentes em que o litígio se desenvolveu.

4. Abuso de autoridade. Além do caráter despropositado e ilegal de autorizar a invasão de um escritório de advocacia e da casa de um advogado com mais de 20 anos de profissão e que cumpre todos os seus deveres profissionais, essa decisão possui claros traços de abuso de autoridade, pois: (a) o seu prolator, o Sr. Marcelo Bretas, é juiz federal e sequer tem competência para tratar de pagamentos realizados por uma entidade privada, como é a Fecomercio/RJ, e mesmo de entidades do Sistema S por ela administrados por força de lei; a matéria é de competência da Justiça Estadual, conforme jurisprudência pacífica dos Tribunais, inclusive do Superior Tribunal de Justiça; (b) foi efetivada com o mesmo espetáculo impróprio a qualquer decisão judicial dessa natureza, como venho denunciando ao longo da minha atuação profissional, sobretudo no âmbito da Operação Lava Jato; (c) foi proferida e cumprida após graves denúncias que fiz no exercício da minha atuação profissional sobre a atuação de
membros da Operação Lava Jato e na iminência do Supremo Tribunal Federal realizar alguns dos mais relevantes julgamentos, com impacto na vida jurídica e política do país. Ademais, foge de qualquer lógica jurídica a realização de uma busca e apreensão após o recebimento de uma denúncia — o que mostra a ausência de qualquer materialidade da acusação veiculada naquela peça.

Esse abuso de autoridade, aliás, não é inédito. A Lava Jato, em 2016, tentou transformar honorários sucumbenciais que nosso escritório recebeu da Odebrecht, por haver vencido uma ação contra a empresa, em valores suspeitos — e teve que admitir o erro posteriormente. No mesmo ano, a Lava Jato autorizou a interceptação do principal ramal do nosso escritório para ouvir conversas entre os advogados do nosso escritório e as conversas que eu mantinha com o ex-presidente Lula na condição de seu advogado, em grave atentado às prerrogativas profissionais e ao direito de defesa. Não bastasse, em 2018 a Lava Jato divulgou valores que o nosso escritório havia recebido a título de honorários em decorrência da prestação de serviços advocatícios.

Todas as circunstâncias aqui expostas serão levadas aos foros nacionais e internacionais adequados para os envolvidos sejam punidos e para que seja reparada a violação à minha reputação e à reputação do meu escritório, mais uma vez atacadas por pessoas que cooptaram o poder do Estado para fins ilegítimos, em clara prática do lawfare — fenômeno nefasto e que corroeu a democracia no Brasil e está corroendo em outros países.”

COM A PALAVRA, CAIO ROCHA

“Nosso escritório jamais prestou serviços nem recebeu qualquer quantia da Fecomércio-RJ. Procurados em 2016, exigimos, na contratação, que a origem do pagamento dos honorários fosse, comprovadamente, privada. Como a condição não foi aceita, o contrato não foi implementado. O que se incluiu na acusação do Ministério Público são as tratativas para o contrato que nunca se consumou”.

COM A PALAVRA, CÉSAR ASFOR ROCHA

“As suposições feitas pelo Ministério Público em relação a nosso escritório não têm conexão com a realidade. Jamais prestamos serviços nem recebemos qualquer valor da Federação do Comércio do Rio de Janeiro, tampouco de Orlando Diniz”.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO FEDERICK WASSEF

“No dia de hoje foi cumprido um mandado de busca e apreensão em minha residência no Morumbi assustando meus pais idosos que moram comigo e não podem ter contato com ninguém pela questão da pandemia . Nenhuma irregularidade foi encontrada e, por consequência, não houve a apreensão de nada . O mesmo se sucedeu em meu escritório de advocacia: nada foi apreendido.

Não fui denunciado como os demais advogados e nada tenho que ver com nenhum esquema de Fecomercio . Jamais fui contratado pela Fecomercio ou recebi pagamentos desta entidade . Fui contratado por um renomado escritório de advocacia criminal de São Paulo que tem como dona uma conhecida procuradora do Ministério Público de SP e que sua biografia é um exemplo de integridade , retidão e honestidade, além de ter dedicado sua vida no combate ao crime como atuante promotora e procuradora de justiça que foi .

Todos os meus serviços , de todos os clientes, foram prestados. Meus honorários foram declarados à Receita Federal e todos os impostos pagos na totalidade . Após dois anos e meio de investigação não fui denunciado . Jamais em minha vida pratiquei qualquer irregularidade e nunca fui investigado ou respondi a qualquer processo . Sou aprovado pelo rigoroso compliance de todos os Bancos e de meus clientes .

O delator Orlando Diniz está deliberadamente mentindo a meu respeito a mando de advogados inescrupulosos que estão usando-o como míssil teleguiado para me atingir visando atender o interesse de um outro cliente em comum.

Denunciei no ano passado a uma autoridade pública o esquema e uma engenharia criminosa que estava sendo montada para usar o delator para me atingir e já existe uma investigação em curso apurando tais fatos.”

COM A PALAVRA, A ADVOCACIA GONÇALVES COELHO

A Advocacia Gonçalves Coelho e Antonio Augusto de Souza Coelho comprovarão a improcedência das acusações quando lhes for dada oportunidade de defesa. O escritório colabora com as autoridades para o esclarecimento dos fatos e reforça sua confiança na Justiça brasileira.

COM A PALAVRA, O ESCRITÓRIO BASÍLIO ADVOGADOS

O escritório Basilio Advogados atuou entre 2013 e 2017 em mais de 50 processos da Fecomercio, tanto na Justiça Estadual como na Justiça Federal. Todos os nossos advogados trabalham de forma ética e dentro da legalidade. O escritório confia na Justiça e está à disposição para qualquer esclarecimento.

COM A PALAVRA, OS CITADOS

A reportagem busca contato com os citados na denúncia do MPF e os alvos da Operação E$quema S. O espaço está aberto para manifestações.

Estadão