Polícia apreende R$ 10 mil com capangas de Crivella

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 Foto: Divulgação / PCERJ

A Polícia Civil do Rio cumpriu nesta terça-feira, 1, nove mandados de busca e apreensão contra funcionários da prefeitura do Rio suspeitos de participar de um esquema para atrapalhar o trabalho de jornalistas e intimidar familiares de pacientes que reclamam de problemas nos atendimentos em hospitais da rede municipal. Na casa de um dos servidores públicos, a polícia afirmou ter apreendido R$ 10 mil em dinheiro.

A prefeitura afirmou ao Estadão que mantinha, perto das unidades de saúde, pessoas encarregadas, segundo ela, de esclarecer a população e “rebater mentiras” que seriam “ameaças à saúde”.

A ação dos servidores foi revelada em reportagem da TV Globo, na segunda-feira. Ela mostrou que a Prefeitura paga funcionários para fazer plantões em frente a hospitais e impedir o trabalho de jornalistas. Quando os repórteres começavam a gravar entrevistas com cidadãos que reclamavam de mau atendimento em unidades de saúde do município, os servidores interrompiam.

O grupo ficou conhecido como “guardiões do Crivella” – em referência ao prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) –, nome de um dos grupos de WhatsApp por meio dos quais os servidores trocavam informações, recebiam orientações e prestavam conta do serviço.

A reportagem identificou alguns dos envolvidos. Revelou seus nomes completos, sua nomeação para cargos de confiança e seus vencimentos – em geral, em torno de R$ 4 mil.

Os mandados de busca e apreensão foram expedidos ainda na noite de segunda-feira, pelo Plantão Judiciário. Serão investigados os crimes de atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública, associação criminosa, advocacia administrativa e peculato.

Impeachment. O Ministério Público estadual (MP-RJ) e a Câmara Municipal também reagiram.

O MP-RJ abriu procedimento preparatório criminal para investigar a possível participação do prefeito Crivella no suposto esquema. Na Câmara, dois pedidos de impeachment foram protocolados, um deles apresentado pela deputada estadual e pré-candidata a prefeita do Rio Renata Souza (PSOL) e outro pelo vereador Átila Nunes (DEM).

Após pareceres favoráveis da Procuradoria e da Secretaria Geral da Mesa Diretora, o presidente da Câmara, vereador Jorge Felippe (DEM), decidiu submeter a votação o pedido de Renata Souza. Os vereadores votam nesta quarta-feira se abrem ou não o processo.

A vereadora Teresa Bergher (Cidadania) anunciou que pedirá a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os fatos.

Em nota, a Prefeitura do Rio admitiu que manteve funcionários em frente a hospitais, com ataques à emissora. “A Globo dizia, de maneira irresponsável e criminosa, no fim de 2019, que o Hospital Albert Schweitzer estava fechado, quando, na verdade, continuava aberto e funcionando plenamente. Por isso, funcionários da Prefeitura ficaram nas portas dos hospitais para esclarecer a população e rebater mentiras que são repetidas no noticiário da emissora.”

“Essas mentiras colocaram a saúde das pessoas em risco, porque muitas poderiam deixar de procurar a unidade por acreditar nas notícias falsas divulgadas”, diz o texto, que ainda acusa a emissora de “chantagem”. “A Prefeitura do Rio repudia ainda a chantagem que a TV Globo tenta fazer para que receba dinheiro de publicidade. E lamenta que o Ministério Público tenha recebido essa denúncia.”

“A Globo é independente para noticiar com serenidade todos os fatos, mesmo os que possam desagradar autoridades”, afirmou a emissora. “A Globo tem o respeito do público exatamente por fazer um jornalismo responsável, ético e baseado em rigorosa apuração. E assim pode agir, justamente porque não depende de verbas de governos, embora a propaganda oficial seja legítima e legal”.

Estadão