TCU investigará contratos do governo com ex de advogado de Bolsonaro

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Foto: Reprodução TV Globo

O Tribunal de Contas da União abriu um processo para apurar se a empresa Globalweb Outsourcing foi beneficiada com contratos no governo de Jair Bolsonaro. A empresa é ligada a Maria Cristina Boner Leo, ex-mulher do advogado Frederick Wassef, que já prestou serviços para a família do presidente. À representação original, assinada pelo subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU, Lucas Furtado, foi apensada outra denúncia, apresentada por três deputados federais do PT, que suspeitam de estratégia de remuneração indireta, via recursos públicos, por serviços prestados por Wassef à família do presidente.

As representações foram aceitas pelo TCU e concentradas no processo de número 024.053/2020-1, relatado pelo ministro Augusto Nardes. O subprocurador Lucas Furtado ressaltou que atualmente a Globalweb é administrada por uma das filhas de Maria Cristina Boner Leo. Além disso, disse que a empresa tem sociedade com a Peach Tree, fundada por Maria Cristina e que atualmente pertence a três filhas dela. Segundo Furtado, esses fatos mostram relações “intricadas” entre a ex-mulher de Wassef e a empresa. Já a representação protocolada por deputados do PT afirma que a ex-mulher de Wassef é fundadora da Globalweb e “sócia de Wassef em empreendimentos imobiliários”.

A denúncia de parlamentares do PT aponta que a Globalweb, “que já tinha alguns contratos com o governo federal até 2018, começou a ter sua participação catalisada a partir da posse do presidente Jair Bolsonaro” e cita reportagem do portal UOL que revelou que, de janeiro de 2019 a junho de 2020, a empresa recebeu, entre aditivos e novas contratações, R$ 218 milhões. A representação indica ainda que Wassef prestou serviços para o presidente, para o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) e para o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos).

A representação foi assinada pelos deputados federais petistas Paulo Teixeira (SP), Enio Verri (PR) e Margarida Salomão (MG). Depois de aceita pelo TCU, ela foi apensada, por decisão do ministro Augusto Nardes, ao processo que teve origem com base na representação de Furtado.

Ao analisar a admissibilidade da representação do PT, a Secretaria-Geral de Controle Externo do TCU afirmou: “Verifica-se a existência do interesse público no trato da suposta irregularidade/ilegalidade, pois o direcionamento de contratações à empresa por meio de tráfico de influência e de atos de improbidade poderia, se confirmado, causar prejuízos ao Erário”. O órgão argumentou, contudo, que a “possível prática de tráfico de influência” configura ilícito penal e que não cabe ao TCU emitir juízo de valor sobre essa questão específica.

O Globo