Amizade de Lula demorou 38 anos

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A primeira vez em que vi Lula falando foi em 1982 na TV Bandeirantes. Foi em debate da primeira eleição a governador após 18 anos de ditadura. Um dos debatedores era ele e ali passei a seguir sua carreira. 20 anos depois, Lula seria eleito presidente da República.

Nunca vou me esquecer daquele programa. Marcava o lento retorno do Brasil à democracia. Até então, Estados e Capitais não podiam eleger nem governadores nem prefeitos. Vendo a sociedade clamar pelo direito de votar, os militares, então, começaram a fazer concessões.

Debatiam Rogê Ferreira, do PDT; Lula, pelo PT; Franco Montoro, pelo PMDB; Reynaldo de Barros, pelo PDS (então o novo nome do partido da ditadura, a Arena); e Jânio Quadros, pelo PDT.

A partir dali, comecei a acompanhar a trajetória de Lula. Ainda o achava meio “radical”, com sua barba negra e voz rouca e quase gutural. Porém, não pude deixar de vibrar quando ele, naquele primeiro debate, em 1982, na TV Bandeirantes, perguntado se era marxista, leninista ou trotskista, respondeu que era um “torneiro mecânico”. Os anos e suas propostas humanistas e seriedade no trato da política fizeram com que eu acreditasse que, se alguém como ele chegasse ao poder, este país finalmente iria melhorar.

E foi o que aconteceu. Em 2010, após governar o Brasil por oito anos, Lula deixou o poder com 87% de aprovação.

Não vou esconder, Lula sempre foi um dos meus ídolos. Acreditei muito nele e jamais me arrependi. Ele cumpriu todas as promessas que fez ao país daquele 1982 até 2010, quando deixou o poder.

É por isso que quando, após 38 anos, declarou sua amizade por mim na última entrevista que me deu, foi como um presente que demorou quase quatro décadas para chegar. Divido com você, que me assiste, esse momento.

Confira no vídeo abaixo