Boulos empata tecnicamente com Russomanno

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Foto: NACHO DOCE / REUTERS

O candidato do Republicanos à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, caiu cinco pontos percentuais em uma semana segundo pesquisa XP-Ipespe divulgada em primeira mão pelo Valor. Com 22% das intenções de voto, Russomanno assume a posição mais baixa desde o início do levantamento em 29 de setembro. Até a semana passada, o candidato do Republicanos estava na liderança, com 27%, em empate técnico com o prefeito Bruno Covas (PSBB), que tinha 25%. Bruno assume agora a dianteira, com 27%.

A virada no cenário, a 17 dias das eleições, vem acompanhada pelo crescimento do candidato que está em terceiro lugar, Guilherme Boulos, do Psol. Ele começou a disputa com 10% em setembro, registrou 12% na semana passada e atingiu 16% agora, em uma alta de quatro pontos em uma semana. Com o movimento, Boulos se aproxima da disputa com Russomanno por uma vaga no segundo turno, contra Covas.

Nas simulações de uma briga no segundo turno entre Covas e Russomanno, o prefeito vence com 50% contra 37% do candidato do Republicanos. A diferença entre os dois, que agora é de 13 pontos, somava apenas 3 pontos há uma semana. Quando o cenário testado é de Covas contra Boulos, o prefeito também vence, por 52% contra 25% do candidato do Psol. A diferença entre essa dupla, no entanto, se estreitou, de 31 para 27 pontos.

O estrategista e analista político da XP Victor Scalet afirma que os dados mostram a consolidação de Bruno Covas como o favorito a vencer a eleição. “O prefeito aparece como o candidato mais forte no segundo turno”, diz Scalet.

O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe explica que as intenções de voto em Covas se ampliam à medida que a avaliação da gestão dele melhora. “Vai avançando entre os eleitores um reconhecimento do trabalho do prefeito”, diz Lavareda. Outro sinal desse movimento é que o índice de rejeição a Covas é o único entre os candidatos que reduziu semana a semana.

Enquanto isso, Russomanno perdeu muito entre o eleitorado em que era mais forte. Caiu entre pessoas com renda até dois salários mínimos, entre os que estudaram até o Ensino Fundamental, entre os jovens e entre as mulheres. Adicionalmente, hoje 49% dos eleitores de Russomanno declaram que poderiam votar em Covas. Quando se faz a pergunta para eleitores de Covas, só 26% votariam em Russomanno.

Victor Scalet chama a atenção para o fato de haver uma fatia de 17% das pessoas de baixa renda que deixaram de declarar voto em Russomanno e que ainda não têm candidato.

Elas se dizem indecisas ou afirmam que votarão em branco ou nulo. “O desafio para Boulos é capturar esses indecisos e aglutinar o voto da esqueda, para construir chances de avançar para o segundo turno”, diz o analista da XP.

A força de Boulos aparece também na pesquisa espontânea, quando os pesquisadores perguntam em que a pessoa irá votar, mas não apresentam os nomes dos candidatos. Nesse contexto, Covas é citado por 20%; Boulos, por 13%; e Russomanno, por 12%. “Os dados sinalizam uma aproximação nítida entre Boulos e Russomanno. Boulos, nestas eleições simboliza a força do petismo na cidade”, afirma Antonio Lavareda.

O candidato do PT à prefeitura, Jilmar Tatto, oscilou um pouco para cima, mas ainda tem apenas 5% de intenção de voto. Para Scalet, o ritmo de crescimento de Tatto dá sinais de que ele não terá tração suficiente para chegar até o segundo turno a tempo das eleições de 15 de novembro.

A pesquisa Ipespe encomendada pela XP Investimentos ouviu 800 pessoas da cidade de São Paulo em entrevistas telefônicas feitas por pesquisadores, entre 26 e 27 de outubro. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como SP-06526/2020.

Valor Econômico