Candidatos mais ricos neste ano são do Partido Novo

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Foto: ARTE/METRÓPOLES

O Novo lidera com folga as listas de partidos com os candidatos mais ricos na média — tanto para prefeito quanto para vereador — na Eleições 2020. A média para o candidato ao executivo municipal pela sigla é de R$ 4,3 milhões em bens. O segundo lugar, PMN, tem uma média de R$ 2 milhões.

Entre os candidatos a vereador, a média para alguém que se lança pelo Novo é de R$ 1,1 milhão. O partido com o valor mais perto disso ficou o PROS, com R$ 324 mil em média.

A análise é do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles. Ela se baseia nas informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para chegar ao resultado foram excluídos os casos em que os candidatos erraram ao preencher a declaração de bens.

A assessoria de imprensa do partido disse que “embora uma situação patrimonial elevada não seja condição excludente para a escolha dos nossos candidatos, o Novo defende a importância de os políticos terem sua vida financeira bem encaminhada para que possam se dedicar ao exercício da função política sem que se perpetuem no poder”.

Apesar do Novo estar no topo das duas listas, não há nenhum candidato do partido na lista dos dez mais ricos. O primeiro colocado é o prefeito de Campo Grande (AL), Arnaldo Higino Lessa (PP), que declarou bens no valor de R$ 874 milhões. A maior parte desse valor se refere a uma fazenda em Girau do Ponciano (AL), cujo valor declarado é de R$ 872 milhões. Ele possui outros 14 terrenos.

O prefeito enfrenta inclusive um processo na justiça por ter supostamente utilizado uma máquina de terraplanagem da prefeitura para fazer reparos em estrada particular localizada em uma propriedade sua. Ele também responde a outro processo depois de ter sido flagrado em vídeo recebendo suposta propina. A reportagem tentou contato com ele, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.

A candidata do Novo com o maior valor declarado é Maria Doroteia Costa Cabral, que tenta uma vaga para vereadora em Salvador (BA). Ela informou possuir R$ 113 milhões em bens. A maior parte do valor (R$ 112,5 milhões) corresponde a um apartamento na cidade.

Em segundo lugar, aparece Alvani Manoel Laurindo que concorre como vice-prefeito em Cuiabá (MT). Ele declarou R$ 55 milhões em bens. Desse total, R$ 38 milhões correspondem a duas fazendas em Parantinga (MT).

De acordo com o professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (Unb), Arnaldo Mauerberg, com exceção do Novo, “não existe padrão de que partido de direita tem candidato rico e de esquerda mais pobre”. Para além dessa característica, outro problema levantado por ele é a declaração de bens voluntária. “Até que ponto ela reflete o patrimônio da pessoa?”, questiona.

Caso você tenha comparado o valor máximo para cada partido com a média, pode ter notado que a diferença do maior número para a média é enorme. Por conta disso, usar a média para calcular qual o partido tem o candidato mais rico pode ser um problema. Os valores que diferem muito do padrão tendem a distorcer a média.

Um exemplo ajuda a visualizar como esse problema se reflete na prática. Vamos supor que em uma empresa com dez funcionários todos recebem um salário de mensal de R$ 1 mil, com exceção de um deles cujo salário é de R$ 15 mil. A média de vencimento mensal para a companhia fica em R$ 2,4 mil, mas apenas um empregado tem uma renda maior do que ela.

Nesses casos, o melhor é usar a mediana. Esse cálculo pega o valor exatamente no meio de uma lista de números organizada do menor para o maior. No caso do exemplo acima, a mediana seria de R$ 1 mil.

Usando a mediana para descobrir qual partido tem os candidatos mais ricos, há uma mudança nos resultados. O Novo permanece como primeiro lugar tanto para vereador quanto para prefeito, mas a partir da segunda colocação tudo é diferente. No pleito para o executivo, o DEM aparece em segundo e o MDB em terceiro.

Metrópoles