Chilenos decidem hoje sobre abandono da constituição de Pinochet

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Foto: PEDRO UGARTE / AFP

Os chilenos começaram a se concentrar desde a madrugada deste domingo nos locais de votação do plebiscito que vai decidir se o país mudará ou não sua Constituição, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e reformada na democracia, mas considerada uma das origens da desigualdade social no país.

Com máscaras e mantendo distância, devido às restrições para enfrentar a pandemia num dos países mais atingidos pelo coronavírus, eles devem dar um passo importante de continuidade nas transformações desencadeadas no ano passado, quando eclodiram no país as maiores manifestações em décadas, movidas pela raiva da desigualdade econômica, pela insatisfação com a falta de representatividade da classe política e pela insegurança provocada pela frágil presença do Estado nos serviços públicos.

“Aprovo” ou “Rejeito” é a primeira pergunta que os mais de 14,7 milhões de eleitores chamados a participar do pleito no país, onde a votação é voluntária desde 2012, precisam responder. Os locais de votação foram aberto às 8h e, dada a magnitude do debate público após os protestos pacíficos e violentos, espera-se um alto nível de participação.

— Tenho muita esperança de que as coisas mudem para que possamos uma guinada radical a este país — disse Romina Núñez, uma artista de 42 anos, à AFP.

Ela esperava para votar no Estádio Nacional de Santiago, um lugar emblemático por abrigar momentos históricos do futebol local, mas também por ter servido como centro de tortura após o golpe militar de 1973 contra Salvador Allende. Hoje, é o maior centro de votação do Chile.

Espera-se que a maioria da população vá votar pela mudança da Carta e a favor de que a nova seja redigida por um órgão constituinte com representantes eleitos exclusivamente para isso, em detrimento de uma convenção mista (composta por atuais parlamentares e delegados eleitos).

As mesas de votação vão permanecer abertas até às 20h. O período é mais extenso do que o habitual e terá turnos vespertinos para maiores de 60 anos entre as medidas para evitar aglomerações. O locais de votação também passaram por um desinfecção no sábado. O país tem, atualmente, mais de meio milhão de infectados e mais de 13.800 mortes.

O sistema de transporte público teve o seu horário ampliado e será gratuito, para facilitar o deslocamento das pessoas aos centros de votação. O toque de recolher noturno para conter a propagação do vírus também foi alterado para que as pessoas possam voltar para casa.

A autoridade eleitoral informou que vai anunciar, por volta das 20h, o resultado da votação dos chilenos que vivem exterior. Uma hora depois, será entregue o primeiro boletim oficial das seções eleitorais locais.

Os primeiros resultados do exterior chegaram da Nova Zelândia, onde 90% dos chilenos com direito ao voto neste referendo que vivem nesse país votaram pela opção “Aprovo” e 8% escolheram “Rejeito”, segundo a imprensa local.

O Globo