Eleição nos EUA teria levado Bolsonaro a atacar vacina chinesa

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Foto: Morning Brew/Unsplash

A guerra das vacinas contra covid-19 entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, pode ter impacto sobre a disputa entre seus candidatos, Celso Russomanno (Republicanos) e Bruno Covas (PSDB) na eleição paulistana, ou mesmo sobre a contenda presidencial em 2022, mas parece ter sido deflagrada mesmo por outra eleição, aquela que acontecerá no dia 3 de novembro, nos Estados Unidos e opõe o presidente Donald Trump e o democrata Joe Biden.

O calendário eleitoral dos Estados Unidos coloca o Itamaraty sob duas pressões: arrancar do governo americano o maior número possível de vantagens enquanto Trump é governo ou ainda tem expectativa de poder sinalizar rumos para um eventual governo Joe Biden, que ameaça ser tão ou mais ofensivo em suas relações com os chineses.

Foram os interesses contrários à entrada, no Brasil, do 5G da Huawei, empresa mais avançada no desenvolvimento desta tecnologia, que pressionaram, por exemplo, pelo acordo comercial assinado entre o governo brasileiro e o americano no início da semana.

Os representantes americanos que vieram firmar este acordo ainda estavam no Brasil quando, na reunião entre o ministro da Saúde e os governadores, Eduardo Pazuello anunciou a decisão do governo brasileiro de comprar 46 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pela chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan.

Os Estados Unidos temem o avanço da diplomacia da vacina conduzida por Pequim. O governo de Xi Jinping aderiu ao Covax, programa da Organização Mundial de Saúde (OMS) que tem a pretensão de fornecer 2 bilhões de doses até o ano que vem. O governo americano se recusou a participar do programa.

Aos interesses das empresas americanas de tecnologia contrárias ao acordo do Brasil com a Huawei se juntaram agora os interesses de empresas americanas envolvidas na produção da vacina, como a Johnson&Johnson e a Moderna, temerosas no avanço da China sobre o imenso mercado dos países em desenvolvimento na Ásia, África e América Latina, como mostrou reportagem do “Financial Times” publicada no Valor de hoje.

Valor Econômico