Empresários de SP temem avanço de esquerdistas

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Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247

Em busca do apoio de empresários alinhados ao presidente Jair Bolsonaro, o candidato à Prefeitura de São Paulo Celso Russomanno (Republicanos) mostrou-se disposto a fazer uma ampla reforma fiscal e reforçou sua proximidade com o governo federal.

O candidato tem reiterado que é contra o aumento de impostos em São Paulo, defendido a redução do ISS para atrair novos investimentos e prometido até mesmo a redução do IPTU na cidade. No entanto, não detalha como compensar a receita do município.

Em um encontro acompanhado de perto pelo secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten, Russomanno reuniu-se na semana passada com cerca de 40 pessoas, entre eles os empresários Flávio Rocha, dono da Riachuelo; João Appolinário, fundador e dono da Polishop; o gaúcho Lirio Parisotto, fundador da Videolar e dono de indústrias petroquímicas, Miled Khoury, da varejista de moda Sawary Jeans; João Camargo, empresário da mídia (dono de rádios, como Alpha FM), além de varejistas da região do Brás. O jantar, na quinta-feira, foi no restaurante Président, do chef francês Erick Jacquin, estrela do programa de TV MasterChef.

Os convidados presentes pediram para Russomanno se comprometer a não elevar a carga tributária. “Essa foi uma das nossas principais defesas durante o encontro”, disse um dos presentes, que pediu anonimato.

Boa parte dos empresários presentes pediu para Russomanno explicar como tornaria a cidade de São Paulo mais competitiva em relação a outros municípios. Desburocratização de abertura de empresas e inclusão digital também estiveram na pauta. O candidato se posicionou favoravelmente à redução do ISS.

O discurso de Russomanno agradou aos empresários bolsonaristas, que viram no candidato, cuja bandeira nos últimos anos bate na tecla da defesa do consumidor, um programa de governo mais consistente.

Para os apoiadores de Bolsonaro, a vitória de Russomanno em São Paulo pode se tornar um grande obstáculo para a candidatura presidencial do governador paulista João Doria (PSDB) em 2022. O tucano apoia o prefeito e candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB), principal adversário de Russomanno na disputa, segundo as pesquisas de intenção de voto.

A maior flexibilização do isolamento foi amplamente defendido por Russomanno. Por conta disso, não faltaram críticas ao prefeito. Apesar das reclamações contra a gestão de Covas, o tucano é visto como concorrente ideal para disputar com Russomanno o segundo turno das eleições da capital paulista. Os empresários presentes temem que candidatos da esquerda avancem.

“Se Russomanno ganhar, será como trocar seis por meia dúzia”, disse um dos empresários, que pediu para não ser identificado. Outra fonte ouvida pelo Valor vê a agenda liberal de Russomanno mais robusta, com pautas que extrapolam a sua principal bandeira do consumidor.

Em entrevistas recentes, Russomanno tem dito que é “totalmente contra o aumento de impostos”, mas lembra que a previsão de queda na arrecadação de 2021 é de R$ 2 bilhões. O candidato afirmou que pretende reduzir o ISS na cidade, mas não detalhou qual seria a nova alíquota, nem quais segmentos econômicos poderiam ser beneficiados.

Segundo Russomanno, a alíquota de 5% de ISS para vários segmentos tem feito com que muitas empresas migrem da capital para cidades do entorno, que oferecem um ISS menor. O candidato disse que se a prefeitura oferecer uma alíquota mais atrativa, os empresários retornarão à cidade. “Com imposto muito alto, a conta não fecha”, disse Russomanno na sexta-feira, em entrevista ao “MyNews” e “El País”. “Vamos gradativamente, sem perder a arrecadação, anunciar um programa de diminuição do ISS. Isso vai trazer de volta [as empresas], gerar emprego, retomar a economia e vamos crescer”, afirmou na entrevista. O candidato, no entanto, não informou quanto a prefeitura poderia arrecadar com a redução de ISS.

Russomanno também tem dito, em entrevistas, que deve revisar o IPTU, de forma a reduzir o imposto. O candidato argumentou que o IPTU aumentou quando os imóveis foram valorizados, em recente período de crescimento econômico no país, mas disse que agora, com a desvalorização de imóveis, o pagamento do imposto precisa ser revisto. Novamente, Russomanno não detalhou como deve ser essa revisão nem como a prefeitura poderia compensar uma eventual perda na arrecadação com o IPTU.

Valor Econômico