Saidinha de Trump do hospital gera onda de criticas

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Foto: ALEX EDELMAN/AFP

Donald Trump deixou o hospital em que está internado com Covid-19 neste domingo 4 para dar uma volta de carro e acenar para apoiadores. A ‘escapada’ do presidente americano, porém, tem sido motivo de muitas críticas. Além da imprensa e de parte da oposição, o republicano foi condenado por membros de sua segurança pessoal e médicos do Centro Médico Militar Walter Reed, onde está internado em Washington desde sexta-feira 2.

Usando máscara, Trump deixou o hospital em um carro preto e circulou pelos arredores do prédio, onde eleitores se reuniam em apoio ao presidente. No carro com o republicano estavam ao menos dois agentes do Serviço Secreto, equipados com macacões e outros equipamentos de proteção. Cerca de meia hora depois o mandatário retornou ao centro médico.

O passeio foi interpretado como uma forma do mandatário mostrar aos americanos que ainda está no comando da Casa Branca. A falta de cuidado de Trump com os membros de sua segurança pessoal, porém, incomodou parte da equipe. À rede americana CNN, agentes do Serviço Secreto reclamaram da atitude do presidente. “Isso nunca deveria ter acontecido”, disse um funcionário sob condição de anonimato.

“A frustração com a forma como somos tratados quando se trata de decisões sobre esta doença remonta a antes desse episódio. Não somos descartáveis”, disse o agente. Ainda não se sabe se os funcionários que acompanhavam Trump no carro foram infectados, mas diversos membros do Serviço Secreto testaram positivo nas últimas semanas ao escoltar o presidente em comícios e outros eventos de campanha.

Embora os agentes do Serviço Secreto possam impedir que o presidente se coloque em situações de risco, eles não podem se recusar a proteger o mandatário por medo de se colocarem em perigo. “Foi simplesmente imprudente”, disse outro agente à CNN.

Em um comunicado, a Casa Branca insistiu que medidas foram tomadas para proteger as pessoas que acompanhavam Trump no carro. “Foram tomadas as devidas precauções para proteger o presidente e todos os que o apoiam”, afirmou o vice-secretário de imprensa da Casa Branca, Judd Deere. “A saída foi autorizado pela equipa médica como segura”, disse.

Médicos e especialistas, porém, criticaram a decisão. Em suas redes sociais, James P. Phillips, médico do Centro Médico Militar Walter Reed, classificou a saída de Trump como uma “irresponsabilidade espantosa” e afirmou que os agentes dentro do carro deverão fazer quarentena de 14 dias.

“A SUV presidencial não é apenas à prova de balas, mas hermeticamente selada contra ataques químicos”, escreveu o médico. “O risco de transmissão da Covid-19 em seu interior é tão alto quanto em situações em que não há cuidados médicos. A irresponsabilidade é espantosa. Meus pensamentos estão com os agentes do Serviço Secreto forçados a trabalhar”.

No domingo, pouco antes de sair do hospital para dar uma volta, Trump divulgou um vídeo em suas redes sociais em que disse que seu “verdadeiro teste” virá nos próximos dias, referindo-se à eleição presidencial dos EUA. O republicano afirmou ainda que aprendeu muito com a experiência. “Tenho aprendido muito sobre Covid. Aprendi realmente indo à escola. Esta é a escola real”, disse.

Também neste domingo os médicos do presidente admitiram que o republicano precisou de oxigênio em pelo menos duas ocasiões desde o teste positivo para a doença. Nos boletins médicos anteriores, os especialistas afirmavam que Trump estava muito bem e fora internado apenas como medida de prevenção.

O presidente está sendo medicado com Dexametasona, que só é recomendado para pacientes em quadro grave de Covid-19. O porta-voz da equipe médica da Casa Branca, Sean Conley, anunciou que Trump deve receber alta nesta segunda-feira, 5, e que “altos e baixos” fazem parte do processo de recuperação “como qualquer outra doença”.

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