Candidatas a “primeira-dama” dos EUA condizem com maridos
Foto: Michael Reynolds / EFE / Jim Watson/AFP
Assim como o ex-vice-presidente Joe Biden e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suas mulheres, a ex-vice-primeira-dama Jill Biden e a atual primeira-dama, Melania Trump, também carregam estilos totalmente opostos. Enquanto Jill se coloca à frente na campanha quando o marido está ausente, Melania tomou para si uma atuação discreta tanto na campanha quanto nos quatro anos em que ocupou a Casa Branca.
Jill, de 69 anos, é uma professora de carreira. Casou-se com Joe em 1977, cinco anos após a ex-esposa do então senador por Delaware ter morrido junto de sua filha em um acidente de carro. Desde o início da campanha, a ex-vice-primeira-dama se mantêm ativa, se encontrando com eleitores nos estados-chave. Em seus discursos, pede para que os americanos, independente de sua origem ou posição política, se unam para superar a polarização, derrotar a pandemia e a crise econômica.
Jill Biden interrompeu sua carreira quando deu à luz à sua filha, Ashley, em 1981, mas retomou os estudos para obter um doutorado em educação. Atualmente, a ex-vice-primeira-dama dá aulas em uma universidade no norte da Virgínia, onde deseja continuar trabalhando mesmo se o marido se tornar presidente dos Estados Unidos.
Se continuar com a carreira de educação e o marido for eleito, Jill Biden seria a única primeira-dama a não abdicar de sua profissão. Se fizer isso, “mudará para sempre as expectativas e limitações” do papel, diz a escritora Kate Andersen Brower, autora de um livro sobre a história das primeiras-damas dos Estados Unidos.
Solidamente ao lado do marido, Jill denunciou as “calúnias” lançadas pela campanha de Trump para “desviar a atenção” da má conduta da pandemia no país. Apesar de defender ferrenhamente o marido, que se apresenta como “marido de Jill Biden”, a ex-vice-primeira-dama se manteve discreta quando denúncias de abuso sexual recaíram sobre o democrata.
Melania, por outro lado, é discreta, porém exerce influência através do marido no dia a dia da Casa Branca. Em 2018, a primeira-dama pediu abertamente a demissão de Mira Ricardel, à época vice-conselheira de segurança nacional, e Trump acatou o pedido.
Nascida na Eslovênia em 1970, Melania é a terceira esposa de Trump. Ex-modelo, fez carreira em Paris antes de imigrar para os Estados Unidos em 1996 dois anos antes de conhecer o republicano. Em 2006, Melania naturalizou-se americana, e disse que ter o passaporte do país foi “o maior privilégio do planeta Terra”.
Nesta terça-feira, 3, Melania depositou seu voto em uma estação eleitoral em Palm Beach, na Flórida. Diferente do que diz a lei estadual, a primeira-dama compareceu ao local sem máscara. A eslovena e seu marido tiveram diagnóstico positivo para o novo coronavírus no início de outubro.
Por ser imigrante, Melania foi sempre alvo de questionamentos quanto a postura anti-imigração de Trump. Em junho de 2018, quando o governo era acusado de manter imigrantes irregulares presos em condições sub-humanas, a primeira-dama fez uma visita em uma centro de detenção na fronteira entre os Estados Unidos e o México vestindo uma jaqueta com a frase “Eu realmente não me importo” estampada.
A mensagem fora interpretada como um ataque aos imigrantes. Em 2020, áudios vazados de conversas da primeira-dama com uma ex-amiga mostraram que a intenção de Melania com a jaqueta era provocar a mídia, segundo ela.
Para a professora de História da Universidade de Ohio, Katherine Jellison, Melania Trump poderia melhorar sua imagem se “fizesse mais aparições públicas e desse mais entrevistas, mas, é claro, ela escolheria suas palavras e seu guarda-roupa com cuidado”.
“Ela é uma pessoa muito reservada. E, embora eu acredite que continuaremos vendo seu trabalho para ajudar as pessoas com dependência de opioides e as tarefas mais tradicionais da primeira-dama, vamos vê-la menos na cena pública”, arrisca Brower.