Historiador diz que posto de pior presidente dos EUA tem dono

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Foto: Tasos Katopodis/Getty Images

Antes mesmo da divulgação dos primeiros resultados das eleições presidenciais nos Estados Unidos, Donald Trump já acusava o sistema eleitoral de fraudes e esbravejava contra a votação em massa pelo correio, motivada pela pandemia de coronavírus. Desde que seu adversário Joe Biden foi confirmado como o vencedor, as denúncias sem provas se tornaram ainda mais frequentes, aumentando os temores de que suas insinuações possam enfraquecer a confiança da população nas instituições americanas.

“As acusações de Trump são sem precedentes na história do país e minam a legitimidade do processo eleitoral, que é fundamental para a capacidade de governar”, diz James Kloppenberg, professor de História Americana da Universidade Harvard. “A recusa do atual presidente em admitir que pode haver outras formas de pensar além da sua, além de seus constantes ataques à imprensa, são um grande desafio para a continuidade da democracia”.

O especialista critica ainda a postura divisiva do republicano, que tenta angariar apoio de seus eleitores a todo custo e aumenta ainda mais a polarização no país. “Ele sairá do cargo como o pior presidente da história dos Estados Unidos – o pior por uma margem tão grande que é difícil até mesmo identificar quem ocupa o segundo lugar”, afirma.

Para Charles Cameron analista político da Universidade Princeton, os estragos deixados pelo discurso do presidente nas instituições americanas podem perdurar mesmo após sua saída. “Uma democracia só é legítima quando a população tem confiança nela, e Trump coloca essa segurança em cheque”, diz.

Com a ajuda de um time de advogados e o apoio do Partido Republicano, Trump deu início na semana passada a diversos processos judiciais para pedir a recontagem dos votos nos estados-pêndulos em que Biden foi declarado vencedor. A Geórgia foi a única região o país que iniciou a auditoria, mas confirmou nesta sexta-feira 20 o resultado anunciado anteriormente e a vitória do democrata.

Os republicanos dizem que seus observadores foram impedidos de acompanhar a apuração dos votos em alguns condados e alegam problemas com o processamento das cédulas enviadas pelo correio pelos milhões de americanos que decidiram não comparecer às urnas para evitar contaminação pelo coronavírus. Porém, não apresentaram qualquer prova de suas afirmações.

Esta não é a primeira vez em que os resultados de uma eleição são questionados por um dos candidatos, já que o país tem uma longa história de pleitos disputados. A maioria, contudo, não prejudicou gravemente o sistema político americano, já que as regras estabelecidas pela Constituição para lidar com essas situações foram respeitadas.

Na virada do século 20, os Estados Unidos levaram, pela primeira vez na história, uma eleição contestada à Suprema Corte. O democrata Al Gore ganhou o voto popular de George W. Bush por mais de 500.000 cédulas, mas a contagem na Flórida estava acirrada demais para ser decidida. Gore não concedeu a presidência, enviando uma equipe jurídica ao estado para uma recontagem manual.

A Suprema Corte decidiu, contudo, que a recontagem violava a Cláusula de Proteção Igualitária da Constituição. Cinco semanas após o dia da eleição, Bush foi declarado vencedor na Flórida e, portanto, presidente. Al Gore, por sua vez, reconheceu a legitimidade da vitória de Bush, dizendo: “Embora eu discorde veementemente da decisão da Corte, eu a aceito”.

“A situação de Trump é muito diferente das enfrentadas em anos anteriores, porque não há qualquer indício de problema na apuração”, diz Charles Cameron. “Além disso, a história mostra que recontagens dificilmente mudam o resultado – e nesse momento uma vitória de Donald Trump já é numericamente impossível”.

Os artifícios usados até o momento, porém, não são novidade para o magnata do mercado imobiliário de 74 anos, que se alçou à vida política graças aos seus discursos inflamados, nacionalismo e afirmações nem sempre tão verdadeiras. Durante seus quatro anos em Washington DC, Trump garantiu que todos os juízes e promotores indicados por sua administração seguissem um perfil conservador, colocou em xeque a credibilidade da imprensa e demitiu sem escrúpulos assessores que discordavam de sua abordagem.

“O comportamento de Trump durante a Presidência e a forma como trata as normas fundamentais de nosso governo é diferente de qualquer outro líder que já tivemos e abre precedentes perigosos”, diz Kloppenberg. E não há qualquer indicativo de que o republicano agirá de forma diferente nessa reta final.

Além disso, nada do que Trump tem feito é orquestrado de maneira leviana ou impulsiva. Todo o teatro armado nas últimas semanas tem como objetivo maior manter sua imagem e ideologia vivas no Partido Republicano e, quem sabe, assentar o terreno para sua volta em 2024.

Porém, entre os principais especialistas do país, não há dúvidas de que, apesar de seus esforços para levar seu caso à Suprema Corte do país e prolongar sua estadia na Casa Branca ao máximo, Donald Trump eventualmente acabará cedendo e entregando o cargo ao seu sucessor. “O grande problema será o que esse presidente deixará para trás: seu descrédito à democracia americana e suas tentativas de legitimizá-la”, diz Charles Cameron. “É uma realidade triste para um país como os Estados Unidos”.

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