MP suspeita de pesquisas eleitorais falsas
Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
O vice-procurador-geral eleitoral, Renato Brill de Góes, encaminhou ofício aos procuradores regionais eleitorais pedindo que sejam apurados se há ilícitos na proliferação de pesquisas de intenção de voto bancadas pelos próprios institutos. O GLOBO mostrou o crescimento expressivo dessa prática e a suspeita de fraudes na execução dos levantamentos. A reportagem faz parte do material encaminhado por Góes.
“As alegações sugerem possível ocorrência de ilícitos que, se confirmados, possuem potencial para influir negativamente na transparência e integridade do processo eleitoral, razão pela qual demandam a devida apuração”, escreveu o vice-procurador-geral eleitoral.
O encaminhamento dado por ele é para que cada procurador regional tome “as providências que entender cabíveis” no caso. Ele encaminhou também a representação apresentada pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), que questiona a prática.
Góes sugere aos procuradores que solicitem às empresas que adotaram tal prática informações sobre o motivo da realização das pesquisas com recursos próprios e se elas realizaram outros levantamentos na mesma circunscrição, contratadas por terceiros e por qual valor.
O GLOBO mostrou que até o dia 29 de outubro o número de pesquisas registradas pagas pelos próprios institutos era de 3.499, montante 174% maior que o registrado no mesmo período de 2016. Há casos de levantamentos feitos por empresas que declararam à Receita Federal ter como atividade o transporte com uso de vans e a filmagem de casamentos. O dono de um dos institutos tinha outra empresa em 2016 e foi condenado por divulgação de pesquisas fraudulentas. Um candidato denunciou ter recebido oferta de pagamento para que seu nome aparece com pontuação superior em um levantamento. Há casos de fraude no nome de estatísticos e o de um profissional que já supervisionou 937 pesquisas.