Partido Novo afunda em 2020

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Foto: Reprodução/ Valor Econômico

Apontado como um dos partidos vencedores das eleições de 2018, com a surpreendente conquista do governo de Minas Gerais e quinto lugar de João Amoêdo na disputa presidencial, o partido Novo colheu resultados pífios nas eleições municipais deste ano. Em todo o país, postulantes do Novo conseguiram, juntos, 420 mil votos (0,42% do total), o que coloca a legenda na 24º posição no ranking dos partidos mais votados para prefeito.

O Novo lançou só 30 candidatos a prefeito, todos em chapas “puro-sangue” (com vice do mesmo partido). O resultado foi zero vitória no primeiro turno. Dos 30 concorrentes, 19 tiveram menos de 5% dos votos válidos e só dois conseguiram mais que 15%. O único caso digno de destaque é o de Joinville (SC), onde o candidato Adriano Silva chegou em segundo lugar com 23% e agora disputa segundo turno.

Em Natal, o candidato desistiu no meio da disputa. Em São Paulo, o desfecho foi vexatório. Filipe Sabará foi acusado de falsificar o currículo depois de já ter sido aprovado no processo seletivo interno – procedimento de escolha de candidato apresentado na propaganda como um dos diferenciais da sigla. Ele brigou com dirigentes e terminou expulso semanas antes do pleito.

Nas disputas para vereador, os resultados não foram muito melhores. No ranking de performance de partidos pelo número de eleitos, o Novo ficou em último lugar numa lista de 29 agremiações. O presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, diz que a expectativa conservadora era eleger de 25 a 40 nomes. Dos 560 candidatos, 19 foram eleitos. Uma taxa de sucesso de 0,33%.

Com desempenho abaixo do esperado na avaliação dos próprios dirigentes, as dinâmicas internas do Novo, como os processos de seleção de candidatos com provas de afinidade e indicações de “headhunters” ou empresas terceirizadas, viraram alvos de questionamentos internos.

O mais ácido é o cientista político Christian Lohbauer, que disputou a Vice-Presidência na chapa de Amoêdo em 2018. Um dos principais problemas internos, diz, é a dificuldade de financiamento, produto da decisão interna de não usar dinheiro público nas campanhas. Outro é o processo de seleção que o Novo faz de seus candidatos. Ele também cita a falta de unidade interna, dificuldades de comunicação entre a direção e a base e, sobretudo, a posição pessoal de Amoêdo contra o presidente Jair Bolsonaro.

Segundo ele, convivem hoje três posicionamentos distintos no Novo: o do governo de Minas, liderado pelo governador Romeu Zema; o da bancada federal, com oito deputados; e a visão pessoal de Amoêdo.

“Minas tem que compor com o governo federal, pela complexidade orçamentária. Nossa bancada é extremamente competente, vota de acordo com princípios, mas é independente; e o Amoêdo, pessoa física, tem as opiniões dele”, resume.

“Estamos errando na seleção de quadros. A gente lava roupa suja no Twitter. E temos um problema sério de unidade. É preciso manter a convergência de discurso. Amoêdo decidiu bater no Bolsonaro. Ele se esqueceu de que governamos Minas, com rombo enorme. Não dá para ficar chutando o governo federal. Tem que ficar quieto. Em política, às vezes, ficar quieto é inteligente.”

Entre as brigas públicas, ele dá como exemplo a campanha de Amoêdo a favor da obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19. “Isso vai contra o que a gente prega. Acho importante vacinar, mas se uma pessoa não quiser, ela tem esse direito, porque é um princípio liberal”, defende o ex-candidato a vice.

Lohbauer também lista problemas externos que teriam prejudicado a sigla. Ele cita a pandemia, o tempo estreito de campanha, diluição da pauta com a eleição nos EUA, o baixo interesse do eleitorado em política municipal e a abstenção.

Decepcionado com o resultado eleitoral, Lohbauer faz uma comparação do desempenho do Novo com o do Patriota, que teve o deputado estadual Arthur do Val Mamãe Falei como candidato a prefeito de São Paulo: “Perdemos muitos votos para o Patriota. É a juventude, o discurso liberal de direita, de mercado, de mudança, de modernização, que foi para o Mamãe Falei e para os vereadores dele. Não tivemos competência para trazer esse pessoal. O Mamãe Falei ficou em quarto lugar, 500 mil votos. Um novato, como todos nós”, analisa. O caso Sabará, completa, foi desastroso e revelou falhas do processo de seleção.

O presidente nacional da sigla, Eduardo Ribeiro, confirma que, com a pandemia e a contrariedade de militantes com a recusa de algumas candidaturas, o número de filiados e as contribuições voluntárias caíram.

Ele discorda do diagnóstico de Lohbauer. Garante que as dificuldades de financiamento e o caso Sabará não abalam os dois princípios fundamentais do Novo: a recusa ao uso de financiamento público e o processo seletivo interno inspirado nos modelos de recrutamento da iniciativa privada.

“A questão do financiamento não está em discussão. É pedra fundamental de nossos princípios. E quando você olha para os outros quadros do Novo, o nível superior de nossos deputados, constata que o modelo de seleção funciona. Não é perfeito, mas funciona. A alternativa a esse modelo, o esquema de caciques e padrinhos dos outros partidos, é muito ruim”, defende.

O Novo não conseguiu eleger nenhum vereador em três regiões do país: Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O que mais chama a atenção, porém, é o contraste entre os resultados do partido em 2018 e neste ano em Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país.

Dois anos atrás, Romeu Zema derrotou no segundo turno o ex-governador e ex-senador Antônio Anastasia (PSDB) com 71,8%, resultado classificado por muitos como um massacre.

Ganhou em 831 dos 853 municípios mineiros. Agora, nenhum dos únicos três candidatos a prefeito do Novo em Minas (Belo Horizonte, Contagem e Araxá) conseguiu passar de 10%. Na capital, Rodrigo Paiva teve 3,6%. Em todo o Estado, tudo o que o Novo conseguiu foi eleger quatro vereadores.

Há quem busque relativizar os resultados. O deputado Vinícius Poit (SP) tenta minimizar o conceito de derrota. “Em geral, o partido foi bem. Saiu de quatro vereadores no Brasil inteiro e foi para 29. Olhando por esse lado, houve um avanço expressivo e sólido”, diz. Mas ele admite que, pelo menos em São Paulo, a legenda esperava resultados mais consistentes. “Neste momento, eu prefiro olhar o lado cheio do copo. Olhar o que conquistamos e ter humildade para a autocrítica.Tudo está sujeito a evolução.”

Em relação ao posicionamento da bancada e os conflitos com o bolsonarismo, Poit reafirma o que é visto como independência dos parlamentares. Mas reconhece que há conflitos internos, a despeito do apoio quase integral à pauta econômica defendida pelo Planalto. “Eu não sou bolsonarista. Sou crítico a falas e condutas do presidente. Analiso tecnicamente.”

Líder do Novo na Câmara, Paulo Ganime (RJ) também prefere ver o quadro com otimismo. Ele considera os resultados em Santa Catarina e Paraná positivos: 12 vereadores eleitos em sete municípios e o segundo turno em Joinville. Ganime também destaca a abstenção como grande empecilho. As regiões com taxas mais altas de ausência, afirmou, coincidem com zonas eleitorais onde o partido tinha mais potencial.

Eduardo Ribeiro, o presidente, reafirma que foi correta a estratégia de lançar poucos candidatos na comparação com a concorrência. “O Novo tem estrutura pequena. Precisa ser entendido como uma ‘startup’. Esse total é o que conseguimos montar e acompanhar, observando nossos princípios e diferenciais. Temos outras métricas. Preferimos primar pela qualidade, não pela quantidade.”

Valor Econômico

 

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