Bolsonaro tenta cooptar Alcolumbre com ministério

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Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Em uma conjuntura de tensão, agravada pelo lançamento da candidatura do MDB à presidência da Câmara, o Palácio do Planalto entrou em campo pela construção de um nome de consenso para a sucessão de Davi Alcolumbre (DEM-AP) no Senado. O presidente Jair Bolsonaro fez chegar às cúpulas do DEM e do MDB que o melhor cenário para o governo seria a convergência entre os dois grupos em torno de uma candidatura única na Casa.

Bolsonaro prefere não se indispor com as lideranças da Casa que pode vir a julgar processos de cassação do mandato de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Esse arranjo de bastidores contempla, ainda, um ministério para Davi Alcolumbre, em uma jogada que também aproxima o DEM do governo.

Senadores do grupo de Alcolumbre reivindicam ao Planalto sua nomeação para o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), hoje comandado pelo ex-deputado Rogério Marinho. Em outro desenho, Alcolumbre assumiria a Secretaria de Governo, no lugar do general da reserva Luiz Eduardo Ramos.

Um aliado de Alcolumbre pondera que à frente do Desenvolvimento Regional, Alcolumbre “ajudaria mais os senadores”, porque a pasta executa políticas públicas estratégicas no âmbito estadual, como os programas de moradias populares, e de combate à seca. Mas se assumisse a articulação política, ele “ajudaria mais Bolsonaro” na interface com o Congresso.

É nesse pano de fundo que Bolsonaro conduziu uma rodada de reuniões com Alcolumbre e com os líderes do MDB no Senado nos últimos 11 dias para discutir a sucessão na Casa, embora, em público, o presidente tenha afirmado que não interferirá na eleição para as novas Mesas Diretoras.

Ao regressar da viagem a Santa Catarina, Bolsonaro almoçou com Alcolumbre, e seu pré-candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), no Palácio da Alvorada, no último dia 24. Alcolumbre aproveitou o encontro, que não constou da agenda presidencial, para mediar uma aproximação de seu aliado com Bolsonaro.

Antes das férias, Bolsonaro havia se reunido com os três pré-candidatos do MDB à sucessão de Alcolumbre – Fernando Bezerra (PE) (líder do governo no Senado), Eduardo Gomes (TO) (líder do governo no Congresso), e Eduardo Braga (AM) (líder da bancada) – no dia 17, durante a posse do ministro do Turismo, Gilson Machado.

Segundo um ministro, apesar da afinidade entre o presidente e Alcolumbre, Bolsonaro não se opõe à candidatura de um dos três senadores do MDB mais alinhados ao governo: Bezerra, Braga e Gomes, que nos bastidores vêm sendo chamados de “três mosqueteiros”. Já a senadora Simone Tebet (MDB-MS) seria vista pelo Planalto como “muito independente”. Em contrapartida, o Planalto também não faria restrições ao candidato do DEM.

Nos últimos dias, entretanto, os senadores do MDB sofreram um revés com a indicação do deputado Baleia Rossi (SP), presidente do partido, para representar o grupo de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na eleição para o comando da Câmara.

A escolha de Baleia fragiliza o movimento do MDB do Senado, porque líderes de outros partidos resistem à possibilidade de que o MDB volte a presidir as duas Casas como já ocorreu no passado, com Michel Temer na Câmara, e Renan Calheiros (MDB-AL) no Senado.

A cúpula do MDB também argumenta que o critério da proporcionalidade deveria nortear a escolha do candidato no Senado, já que o partido tem a maior bancada e, por isso, teria a primazia de indicar o candidato à presidência da Casa. Com o retorno de Veneziano do Rêgo (MDB-PB), que está licenciado, mas reassumirá o mandato para votar na eleição, em fevereiro, serão 14 titulares na bancada.

Em favor do MDB, também conta o receio do PSD com a candidatura de Rodrigo Pacheco. Ajudar a eleger o mineiro para a presidência do Senado implica fortalecer o adversário de Alexandre Kalil (PSD), prefeito reeleito de Belo Horizonte, ao governo de Minas Gerais em 2022. Os outros dois senadores mineiros, acrescente-se, são aliados de Kalil: Antonio Anastasia e Carlos Viana, ambos do PSD.

Em paralelo, Bolsonaro ouviu muitas reclamações de senadores governistas à escolha de Pacheco, atribuindo ao mineiro um “histórico de deslealdades”. No episódio mais conhecido, teria atirado o então presidente Michel Temer aos leões quando era presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara em 2017.

Interlocutores de Alcolumbre ouvidos pelo Valor acreditam que as pressões para que o Planalto atue na busca de um consenso partem do MDB, e descartam o entendimento neste momento. O presidente do Senado tem dito a pessoas próximas que são os emedebistas que apelaram ao Planalto pela interferência na disputa.

No entanto, Alcolumbre assegura que nem o presidente nem ministros o desencorajaram de trabalhar por Pacheco. “Nenhum ministro e nem o Bolsonaro pediram a retirada a candidatura do Pacheco. Isso está fora de cogitação”, reage um aliado de Alcolumbre.

Além disso, como forma de dar caráter permanente ao movimento político, o DEM deve oficializar a candidatura de Pacheco à presidência do Senado até a primeira quinzena de janeiro. O próprio Alcolumbre costuma explicar, para quem o procura sobre o assunto, que Pacheco já tem votos garantidos até mesmo dentro da bancada do MDB.

Por outro lado, o presidente do Senado tem sido enfático ao rechaçar a possibilidade de o DEM aceitar um cargo ministerial em troca da retirada de Pacheco da disputa no Senado. Segundo um interlocutor, Alcolumbre só vai analisar possíveis convites do governo para assumir um ministério a partir de fevereiro. E eventual convite não seria moeda de troca para excluir Pacheco do tabuleiro eleitoral.

Alcolumbre quer repetir a mesma estratégia que o elegeu em 2019. No início do ano, ele vai começar a viajar os Estados para visitar os senadores em suas bases eleitorais. O presidente do Senado atribui ao “corpo a corpo” o fator decisivo para a derrota de Renan Calheiros no último pleito.

Valor Econômico

 

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