Bolsonaro estimula brasileiros a comprar carabinas e pistolas

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Foto: Washington Alves/Light Press

Em três anos consecutivos, a arma mais popular entre as registradas no Exército foi a carabina CBC 7022, calibre .22, usada para recreação em clubes de tiro e na caça. Na lista das mais compradas, aparecem como segunda e terceira colocadas, respectivamente, as pistolas Taurus TH 380 e Glock G25, ambas de calibre .380, cobiçadas por serem pequenas e garantirem a discrição no porte.

O ranking é parte de um levantamento inédito, obtido pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação, que mostra o perfil do armamento nas mãos de colecionadores, atiradores e caçadores, além do arsenal pessoal de militares das Forças Armadas.

Para fazer a análise, o Instituto Igarapé, a pedido do GLOBO, debruçou-se sobre 626 mil armas de fogo registradas no Exército em 2017, 2018 e 2019.

A carabina CBC 7022, que lidera o ranking das mais compradas, é uma arma longa usada por atiradores desportivos e caçadores. Seu principal atrativo é o preço, cerca de R$ 2,3 mil, a depender do estado brasileiro. O valor da munição também é sedutor.

No caso dos caçadores, o modelo é útil apenas para caçar animais de pequeno porte, em decorrência do baixo calibre. A caça, entretanto, é proibida no Brasil, com exceção da científica e da voltada para subsistência. A única espécie liberada para abate é o javali, para controle populacional.

— O que impulsionou a aquisição dessa carabina foi o tiro desportivo, mas ela também costuma ser usada para defesa em rincões do Brasil e para caça. Ela não para o javali, não faz nem cosquinha. Mas mata o coelho, o ratão do mato… Não podemos esquecer que temos caça de sobrevivência aqui — afirma o diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança, Vinícius Cavalcante, que deu apoio técnico à análise.

A segunda e terceira colocadas — pistolas Taurus TH 380 e Glock G25, ambas de calibre .380 —são armas para autodefesa. Enquanto a Taurus é procurada pelo bom custo-benefício, a Glock desperta interesse por ser mais moderna e pela confiabilidade. Como são compactas, é fácil carregá-las escondidas.

Uma mudança na lei, ainda anterior ao governo de Jair Bolsonaro, pode explicar a presença das duas entre as mais registradas. Em 2017, uma portaria autorizou o transporte de armas municiadas para atiradores nos deslocamentos até locais de treinamento e competições — algo de difícil fiscalização e considerado pelos críticos como uma espécie de porte maquiado.

— No Brasil, é proibido andar com a arma aparente, a menos que seja de um órgão de segurança pública. Essas armas menores oferecem uma característica mais velada — diz o especialista em segurança Leonardo Sant’Anna.

De todas as armas registradas no Exército, 72% são de fabricação brasileira. Empatadas em segundo lugar, estão as importadas dos Estados Unidos (9%) e da Áustria (9%), seguidas das italianas (3%).

Por aqui, a Taurus é a marca dominante entre os revólveres (98%) e pistolas (49%), enquanto a E.R. Amantino e a CBC se sobressaem entre as espingardas (70%) e carabinas (59%), respectivamente.

A participação majoritária da indústria brasileira ajuda a explicar o histórico de lobby do setor. Não é incomum membros das Forças Armadas passarem para a reserva e assumirem cargos em empresas de armas.

— Esse sistema em que você era controlador e passa a fazer parte das decisões na indústria pode gerar uma série de conflitos de interesse — afirma a diretora de projetos do Instituto Igarapé, Melina Risso.

A abertura de mercado para a indústria bélica é uma das bandeiras de Bolsonaro. Em dezembro, o governo federal decidiu zerar a alíquota de importação de revólveres e pistolas. A resolução passaria a valer a partir deste mês, mas foi suspensa pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Na sexta-feira, a Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu da decisão.

Segundo o Igarapé, as bases de dados disponibilizadas pelo Exército apresentam erros — num dos casos mais flagrantes, Adélia é apontada como país de fabricação de algumas armas. Terra Adélia é um território da Antártica habitado por pinguins e poucos humanos.

— Essa fragilidade é inadmissível, porque o Exército controla o arsenal mais potente que pode chegar às mãos das pessoas. O Estado deveria ter um controle rígido — reforça Melina.

As incongruências e a ausência de informações impossibilitaram a análise de 22% da base de dados. Isso significa que o Exército não tem dados precisos sobre cerca de 138 mil armas. Em nota, o Exército informou que há uma incorreção no sistema em relação à inclusão de Adélia, mas que “não foram identificados outros erros na base de dados”.

O Globo 

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