Candidata a presidir Senado luta contra o tempo

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Foto: Jorge William / Agência O Globo

Simone Tebet (MDB-MS) tentou estabelecer o ineditismo de uma candidatura feminina à presidência do Senado ainda em 2019, quando foi derrotada dentro do partido pelo cacique Renan Calheiros. Favorecida por novas circunstâncias dessa vez, ela conseguiu apoio formal da legenda para concorrer, mas ainda precisa superar barreiras para desbancar o favoritismo de Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

A atuação à frente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa lhe rendeu a imagem de combativa, ao passo que a postura mais independente nas articulações internas lhe custa um trânsito mais fluente entre seus pares.

Ela é vista como uma senadora com pouco traquejo para resolver assuntos internamente. Simone costuma levar os temas para a imprensa e opinião pública, o que desagrada a outros colegas. Um senador aliado a Pacheco ouvido pelo GLOBO diz que sua gestão na CCJ inviabiliza a candidatura. Na campanha, a discrição é usada como estratégia para contrapor essa imagem.

De origem sírio-libanesa, entrou na política seguindo os passos do pai, Ramez Tebet, um ex-presidente do Senado. Na CCJ, angariou a simpatia de lava-jatistas e sofreu resistências na velha guarda do MDB, que tem imposto dificuldades à sua campanha.

Formada em direito na UFRJ, Tebet foi professora de direito público nos anos 1990 e, depois, diretora legislativa da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul. Dessa época, tem até hoje um estilo “didático” elogiado por colegas, que a consultam sobre o regimento do Senado e sobre a Constituição.

A definição tardia de seu nome como candidata vem atrapalhando a campanha, já que boa parte dos partidos está fechada com Pacheco, aliado do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

No MDB, Simone não se entende com Renan Calheiros, com quem rivalizou em 2019. Ela manteve sua candidatura à presidência do Senado mesmo contra a determinação da legenda, que havia escolhido Renan. Só desistiu em plenário — e ainda declarou voto em Alcolumbre. A atitude foi malvista no MDB.

Agora, teve o nome escolhido após a preferência do presidente Jair Bolsonaro por Pacheco ter sido exposta para o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE).

Para ter chances, o MDB calculou que seria melhor um nome visto como independente —Simone é mais próxima do grupo “Muda, Senado”. À frente da CCJ desde 2019, pautou, por exemplo, o projeto que retoma a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, contrariando Alcolumbre.

A senadora investe na imagem de independência. Apesar da proximidade com o “Muda, Senado”, tenta se descolar do movimento em busca de consenso, já que, no grupo, seu nome também não é uma unanimidade. Tem uma ligação forte com seu partido devido à sua trajetória pessoal, mas costuma trabalhar de forma isolada dos correligionários na articulação.

Ramez Tebet é sua referência na política. Até hoje, segue o ensinamento paterno de nunca ler na hora de fazer um discurso. Falecido em 2006, seu pai foi um dos pioneiros do MDB no Mato Grosso do Sul. Ex-prefeito, governador e senador, presidiu o Senado entre 2001 e 2003 e ajudou a filha a se eleger deputada estadual.

O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), também da comunidade libanesa de Campo Grande, lembra que seu pai, o então deputado federal Nelson Trad, era muito próximo de Ramez Tebet. A pedido de Ramez, Nelson marcou uma reunião em sua casa com advogados para alavancar a campanha de Simone Tebet à Assembleia em 2003, seu primeiro cargo eletivo.

— Ele me disse “filho, marquei uma reunião hoje à noite em casa, mas não é para você ir”. Porque eu estava concorrendo também na eleição. Eu fiquei p. da vida, claro, porque a gente é fominha por votos. Até liguei para minha mãe e pedi para ela dar meus santinhos também para os convidados — lembra.

Nelsinho já concorreu em dobradinha com Simone no estado e diz que hoje torce por sua candidatura, embora não vá votar nela.

— Sou muito franco: meu voto será de acordo com a deliberação do meu partido. Numa eleição de Parlamento, influencia muito quem sai antes, e o MDB acabou ficando para trás — diz Nelsinho.

O deputado Fábio Trad (PSD-MS), irmão de Nelsinho, estudou Direito no Rio na mesma época de Simone, período em que conviveram na cidade. Ele define Simone, na época, como “CDF” e muito tímida.

— O Ramez era um advogado nato, de tribuna. Ela é mais professora, detalhista, tem mais paciência. Quando ela fala, parece sempre que está explicando alguma coisa. Se ela não ganhar, será por excesso de virtude.

O Globo

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