Caos nos EUA pode destruir a extrema-direita

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Foto: ALEX EDELMAN / AFP

O livro mais vendido do jornalista Malcom Gladwell se chama “O Ponto de Virada”. Trata de um conceito que vem da sociologia, um momento em que algo ocorre, um fato às vezes mesmo discreto, e como se fosse a gota d’água, a opinião de todo um conjunto de pessoas começa a mudar. Uma ameaça grave paira sobre inúmeras democracias do mundo. A pergunta que devemos fazer, neste momento, é se o cerco seguido de invasão do Congresso americano, incitado pelo próprio presidente da República, não pode marcar um ponto de virada. Não só lá nos EUA como em outros lugares, incluindo o Brasil.

Em outros momentos de crise democrática, já aconteceu. O período do macarthismo, por exemplo, não terminou lentamente. Terminou de forma brusca e repentina. Entre 1947 e 1954, o senador Joseph McCarthy liderou uma campanha de caças às bruxas onde qualquer um levemente de esquerda — e ao fim nem isso — poderia ser acusado de comunista, inimigo do povo, e assim ter sua vida tornada um inferno. Como uma febre, o espírito da paranoia persecutória contagiou os EUA. Até que duas corajosas reportagens do jornalista Edward Murrow plantaram dúvidas no país. E quando um advogado, durante uma das audiências inquisitórias, se levantou indignado para contestar o senador, foi como se tudo desmoronasse: “O senhor não tem nenhum senso de decência?”, questionou. Foi como se a pergunta mostrasse o rei, aquele senador do Wisconsin, como o que realmente era. Não um heroico patriota, mas um demagogo paranoico capaz de massacrar qualquer um por poder.

Há quatro anos, Donald Trump semeia dúvidas a respeito do sistema eleitoral americano. Há quatro anos, Trump normalizou a ideia de que um presidente pode mentir corriqueiramente. Há um mandato inteiro, governa e fala só para os seus — os mais reacionários, os racistas, aqueles que se permitem levar por teorias conspiratórias, os que no fim recusam a premissa essencial de uma democracia liberal: somos todos iguais perante a lei. O voto de cada um conta. O dos que pensam igual e o dos que não pensam igual.

É evidente que, no país onde nasceu a democracia moderna, o presidente não acredita nesta premissa essencial do regime. Mas uma parcela da população se recusa a percebê-lo. Mais grave, uma parte importante dos políticos, interessados no apelo populista que o presidente construiu, finge acreditar em suas mentiras.

Em algum momento algo acontece que marca um ponto de virada. É quando o rei se mostra nu. Talvez tenha sido ontem.

O Globo 

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