População do DF lidera compra de cloroquina

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Foto: SAMIR JANA/HINDUSTAN TIMES/GETTY IMAGES

A população do Distrito Federal é a que mais comprou hidroxicloroquina em farmácias privadas entre março e novembro do ano passado. O remédio foi impulsionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como uma forma de combater o coronavírus mesmo depois da Organização Mundial da Saúde (OMS) provar por meio de um estudo científico a sua ineficácia para tratar a Covid-19.

As informações sobre a venda de remédios está no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). “O banco de dados monitora as movimentações de entrada (compras e transferências) e saída (vendas, transformações, transferências e perdas) de medicamentos sujeitos à escrituração no SNGPC comercializados em farmácias e drogarias privadas do país”, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, cruzou a quantidade do medicamento vendido por cidade com a estimativa populacional de 2020 feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A cloroquina não funciona no combate à Covid-19 e isso já está bem estabelecido. Infelizmente, tem muita desinformação e quando tem mensagem de pessoas em posição de autoridade dizendo que funciona, causa problemas na população”, analisou o epidemiologista da Sala de Situação da Universidade de Brasília (UnB) Mauro Sanchez.

Se o remédio não fizesse mal para quem toma, o problema de tomar a cloroquina seria menor. Essa não é a realidade, entretanto, apontou Sanchez. “Ele pode causar problema cardíaco e os problemas são potencializados se usar azitromicina junto. A mistura pode causar taquicardia ventricular. Há um risco importante disso acontecer então não é uma coisa tão inócua”, disse.

O DF lidera o ranking de população que proporcionalmente mais comprou hidroxicloroquina durante a pandemia com 784 caixas do remédio para cada 100 mil habitantes. Em seguida está o Rio Grande do Sul (671 para cada 100 mil pessoas) e Goiás, com 612 para cada 100 mil.

A liderança do DF pode ser explicada por alguns fatores: o primeiro é de renda. Como os dados da Anvisa medem a quantidade de remédios comprados em farmácias privadas, há uma exclusão da população mais pobre do levantamento. De acordo com o IBGE, em 2019 a renda média per capita no DF foi de R$2.685,79.

Outro ponto importante é que o DF teve uma grande quantidade de casos notificados de coronavírus. A capital do país é o segundo lugar com o maior número de infectados em relação à população, com uma pessoa contaminada a cada 12 habitantes. Apenas Roraima está na frente, com um a cada nove.

A secretaria de Saúde do DF inclusive recomendou em abril o uso da cloroquina no tratamento de pacientes graves.

O Exército foi usado pelo presidente Bolsonaro em sua cruzada a favor da cloroquina. O laboratório da instituição produziu o remédio, que em seguida foi distribuído por todo o país. De acordo com relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), quase R$ 790 mil foram gastos na compra de insumos para a produção do medicamento.

Para justificar a medida, o Exército afirmou que queria “produzir esperança a milhões de corações aflitos com o avanço e os impactos da doença no Brasil e no mundo”. Essa aposta no remédio acabou encalhando em diversas cidades brasileiras. De acordo com levantamento do Metrópoles, o Ministério da Saúde informa distribuiu ao menos 5,9 milhões de comprimidos do remédio em todo o país, sendo que 35% foram devolvidos ou armazenados.

Mesmo com a ineficácia provada do remédio no combate à Covid-19, a procura pelo remédio voltou a crescer com a segunda onda de Covid-19 no país – em parte por conta da continua campanha do presidente Bolsonaro. Em uma live realizada no dia 10 de dezembro do ano passado, ele defendeu o remédio e ainda recomendou se o médico não receitar a cloroquina, o correto seria trocar de médico.

Metrópoles

 

 

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