Secretário de Estado americano faz ameaça velada ao Irã

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Foto: POOL / REUTERS

Em seus últimos dias à frente do Departamento de Estado, Mike Pompeo recuperou uma narrativa que vem tentando emplacar há pelo menos dois anos dentro do governo americano e, agora, no público: a de que a rede terrorista al-Qaeda estabeleceu uma nova base dentro do Irã.

Sem apresentar qualquer nova prova, e indo contra as informações da própria inteligência americana das últimas duas décadas, Pompeo fez comparações com o Afeganistão, onde a al-Qaeda se estabeleceu e cresceu no começo do século.

— Eu diria que o Irã é, de fato, o novo Afeganistão, como uma nova base geográfica para a al-Qaeda — declarou, durante discurso no National Press Club, em Washington. — Ao contráro do Afeganistão, quando a al-Qaeda se escondia nas montanhas, a al-Qaeda hoje opera sob o escudo pesado da proteção do regime iraniano.

Pompeo não chegou a defender uma ação militar contra o país, como chegou a sugerir a congressistas em algumas ocasiões nos últimos anos — ele é favorável a usar a Autorização para o uso de Força Militar, uma legislação criada em 2001 e que permite operações armadas contra a al-Qaeda em qualquer lugar do planeta.

A ideia não encontrou aliados no Congresso e nem mesmo em centros de estudos nos EUA conhecidos pelo seu tom extremamente crítico a Teerã, notadamente a Fundação para a Defesa das Democracias. Além disso, depois do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, vítima de um ataque americano com drone em Bagdá, em janeiro do ano passado, o Congresso aprovou uma moção exigindo que o presidente obtivesse autorização prévia antes de qualquer ação militar contra o Irã, uma medida vetada por Trump.

Desde 2018, quando os EUA abandonaram o acordo sobre o programa nuclear iraniano e aplicaram uma dura política de sanções, em vários momentos as duas nações ficaram a poucos passos de uma guerra. Nos momentos finais do governo Trump, bombardeiros B-52H chegaram a voar perto do território iraniano, em uma medida apontada como “intimidação” por Teerã.

Ao comentar as declarações de Pompeo, o chanceler iraniano, Javad Zarif, refutou as acusações e não economizou nas críticas.

“Da designação de Cuba [como Estado patrocinador do terrorismo] às ‘desclassificações’ [de documentos] fictícias do Irã, além das alegações da al-Qaeda, o senhor ‘nós roubamos, trapaceamos, mentimos’ está de forma patética ponro fim à sua desastrosa carreira com mais mentiras armamentistas”, declarou Zarif, no Twitter. “Ninguém foi enganado. Todos os terroristas do 11/9 vieram dos locais favoritos de Pompeo no Oriente Médio; nenhum do Irã.”

Apesar da al-Qaeda ter entre suas bases filosóficas uma completa aversão aos xiitas — que compõem mais de 90% dos iranianos e são chamados de hereges por suas lideranças — a ideia de que a rede fundada por Osama bin Laden possui uma relação secreta com Teerã frequenta a comunidade de inteligência e relações exteriores nos EUA há décadas.

Em meados dos anos 1990, houve contatos entre os dois lados, mas sem ações práticas. Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, Teerã passou a incluir o grupo em sua lista de organizações terroristas, prendendo centenas de militantes que tentavam escapar do Afeganistão através de seu território, incluindo lideranças da organização e mesmo filhos de Bin Laden. Alguns desses prisioneiros eram usados como uma moeda de troca por Teerã, além de garantirem uma certa proteção contra ataques em seu território.

— Meu entendimento do cálculo iraniano era a de que eles estavam dispostos a permitir, por alguns anos, integrantes da al-Qaeda e suas famílias no território, isso enquanto eles não estivessem envolvidos na organização de ataques — afirmou Seth Jones, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em entrevista à Foreign Policy em julho de 2019.

Essa parceria forçada com os iranianos não era confortável para Bin Laden. Em 2013, uma série de cartas encontradas no esconderijo do terrorista em Abbottabad, no Paquistão, onde foi morto em 2011, revelam descontentamento por parte da cúpula da rede terrorisra.

“A relação não é de aliança, mas de negociações indiretas e desagradáveis sobre a libertação de jihadistas presos e suas famílias, incluindo membros da família de Bin Laden”, escreveu relatório do Centro de Combate ao Terrorismo da Academia Militar de West Point, em 2013.

No discurso desta terça-feira, Pompeo confirmou o assassinato do homem apontado como o número dois da al-Qaeda, Abdullah Ahmed Abdullah, em novembro do ano passado, nas ruas de Teerã, algo que o governo iraniano rejeita. O secretário ainda anunciou uma recompensa de US$ 7 milhões por informações que levem à captura de Abd al-Rahman al-Maghrebi, apontado como um dos líderes da organização terrorista e que estaria no Irã.

O Globo 

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