Ao contrário de Maia, Lira quer auxílio menor

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Foto: Sergio Lima / Agência O Globo

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defende o valor de R$ 300 para o novo auxílio emergencial e faz um apelo ao Congresso para que não tente inflar o benefício, como ocorreu no passado. O posicionamento está em linha com o da equipe econômica, preocupada com o impacto fiscal da nova rodada do programa social.

— O ministro Paulo Guedes (Economia) falou em R$ 200 para o novo auxílio, e o presidente Bolsonaro anunciou R$ 300. E o que o presidente anuncia, o governo vai ter que arrumar um jeito de fazer, penso eu. Talvez seja o valor ideal na cabeça de todo mundo. E o Congresso vai ter que ter muita responsabilidade para não mexer nesse valor, para não ficar aquele jogo de poker ficou da outra vez: “eu blefo e o outro paga”. Então saiu de R$ 200 para R$ 600 — criticou Lira, em entrevista ao GLOBO.

No ano passado, Guedes propôs que o auxílio emergencial fosse de R$ 200, valor próximo à média paga a beneficiários do Bolsa Família. O governo, no entanto, não chegou a enviar um projeto à Câmara para criar o benefício, abrindo brecha para que o tema fosse tratado pelos parlamentares.

Durante as negociações, o valor da ajuda a trabalhadores informais chegou a R$ 500. Na última hora, o presidente Jair Bolsonaro sugeriu o valor final de R$ 600, após consultar Guedes sobre a possibilidade de bancar a medida.

— Talvez naquela época se a gente tivesse feito parcelas de R$ 300, podia estar com o auxílio até hoje, né? Mas foram R$ 600. Deu um impulso muito forte na economia, deu um pouquinho de inflação em alimentos, comodities, essas coisas, que eu acho que é uma coisa pontual. Mas eu acho que R$ 300 seria um bom número para agora — avaliou Lira.

O auxílio emergencial foi prorrogado duas vezes em 2020. Primeiro, por dois meses no valor original, de R$ 600. Depois, o benefício passou a ser de R$ 300, pagos entre setembro e dezembro. Agora, Guedes tem sinalizado a possibilidade de liberar quatro parcelas de R$ 250, mas o martelo ainda não foi batido.

Na entrevista, Lira também defendeu um a criação de um auxílio permanente, chamado por ele de “irmão gêmeo do Bolsa Família”, que seria “melhor remunerado” e abrangeria, inclusive, trabalhadores que declarem renda no mercado informal:

— Quanto mais trabalharmos nessa questão da desvinculação orçamentária e da folga do teto orçamentário, a gente pode criar um programa desse porte cumprindo as regras fiscais de teto de gastos para que os mercados não oscilem, o dólar e os juros não subam a longa e médio prazo. O ideal nesse caso é um valor que atenda, que você possa cumprir, e que tenha quantidade maior de pessoas.

A ideia de um programa para ampliar o Bolsa Família foi estudada pelo governo no ano passado, mas não avançou porque o plano da equipe econômica era financiar a medida por meio de cortes em outros benefícios, como o abono salarial.

Na última tentativa de avançar com a proposta, que chegou a ser batizada de Renda Brasil, Bolsonaro vetou o projeto e disse que quem falassem no assunto levaria um “cartão vermelho”.

Ne entrevista, Lira também comentou a decisão de Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras. Segundo o parlamentar, não houve interferência na estatal.

— Só vai poder julgar se houve interferência se o governo agora congelar o preso da gasolina. O que se comenta é que teve uma insatisfação de gestão, porque os aumentos não tinham que ser semanais, mas mais espaçados — avaliou.

O Globo