Após dominar covid, Inglaterra reabrirá economia

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Foto: REUTERS

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta segunda-feira um plano de flexibilização da quarentena estrita em vigor no Reino Unido desde o final de dezembro. Entre as medidas previstas estão a abertura das escolas em 8 de março e a permissão para que as pessoas se encontrem ao ar livre a partir de 29 de março. Esses são os primeiros passos de um plano de reabertura há muito aguardado e que se tornou possível devido a uma das mais rápidas campanhas de vacinação no mundo.

O plano de flexibilização tem quatro estágios, com intervalos de cinco semanas entre eles, as quatro primeiras para avaliar o impacto das mudanças nas restrições e mais uma semana para avisar o público e as empresas para se prepararem para a próxima fase. A etapa final, quando a maioria das restrições seria suspensa, não é prevista para começar antes de 21 de junho. As medidas são válidas em todo o país.

— Não há um caminho confiável para zerar a Covid-19 no Reino Unido ou mesmo no mundo. E não podemos persistir indefinidamente com restrições que debilitam nossa economia, nosso bem-estar físico e mental. É por isso que é tão importante que este roteiro seja cauteloso, mas também irreversível — disse Boris ao Parlamento.

Com mais de 120 mil mortes pelo coronavírus, o Reino Unido tem a quinta maior mortalidade em números absolutos. Mas os números vêm caindo. Os novos casos giraram em torno de 11 mil por dia na semana passada, em comparação com os mais de 80 mil no final de dezembro, quando um repique da pandemia foi impulsionado pela disseminação da variante britânica do coronavíus, mais contagiosa. Ao mesmo tempo, o país lançou um programa de vacinação bem-sucedido, imunizando até agora mais de 17 milhões de pessoas, ou 28% da população, com a primeira dose.

Esse marco, combinado com um declínio acentuado das internações hospitalares, pavimentou o caminho para o anúncio de Boris. Mas o primeiro-ministro enfatizou repetidamente que planejava agir lentamente na retomada das atividades econômicas.

“Nossas decisões serão tomadas com base nos dados mais recentes em cada etapa e seremos cautelosos nessa abordagem para não desfazer o progresso que alcançamos até agora e os sacrifícios que cada um de vocês fez”, disse ele em sua conta no Twitter.

Segundo o plano do governo, pubs, restaurantes e museus ficarão fechados pelo menos até 12 de abril — o que significa que, na prática, a vida diária não mudará muito para milhões de pessoas.

As viagens internacionais a partir do Reino Unido continuarão proibidas até 17 de maio, no mínimo. O país está estudando um sistema que permita aos indivíduos vacinados viajarem internacionalmente com maior liberdade. Depois dessa data, está previsto o retorno dos torcedores aos estádios, se as condições sanitárias permitirem. O plano prevê a lotação de até um quarto da capacidade dos estádios, mas nunca acima de 10 mil pessoas.

As escolas do Reino Unido estão abertas apenas para alunos vulneráveis e filhos de algumas categorias de trabalhadores desde 5 de janeiro, com todos os outros alunos usando o ensino remoto. “Nossa prioridade sempre foi levar as crianças de volta à escola, que sabemos ser crucial para sua educação e bem-estar”, acrescentou o premier no Twitter.

A manutenção do cronograma anunciado dependerá de quatro fatores: a continuidade do sucesso da vacinação; evidências de que as vacinas estão reduzindo as internações e mortes em hospitais; nenhum novo aumento nas taxas de infecção, o que sobrecarregaria o serviço de saúde; e nenhum risco repentino representado por novas variantes do vírus.

É provável que o anúncio de Boris Johnson acenda uma nova rodada de debates sobre se o governo está abrandando as restrições com rapidez suficiente. Alguns membros do Partido Conservador do primeiro-ministro devem retomar sua campanha de pressão para a suspensão das medidas restritivas mais rapidamente.

Boris, no entanto, parece determinado a evitar uma repetição da retomada da economia em maio do ano passado, após a primeira onda da pandemia, que acabou potencializando a segunda onda.

O Reino Unido agiu mais rápido do que muitos outros países ocidentais para garantir o suprimento de vacinas e tem inoculado pessoas rapidamente desde dezembro, uma estratégia que valorizou a libra esterlina e os mercados de ações na esperança de uma recuperação econômica.

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel, também quer um plano escalonado para suspender as restrições impostas no final de 2020 por causa da segunda onda do coronavírus. Merkel disse à liderança de seu Partido Democrata Cristão (CDU) nesta segunda-feira que os próximos passos terão que ser feitos “com inteligência” e com mais testes, de acordo com participantes das discussões.

Merkel quer a retomada das atividades em três estágios, começando com a expansão do número de contatos pessoais, seguida pela escolas tradicionais e vocacionais e depois grupos esportivos, restaurantes e instituições culturais.

A chanceler disse na reunião que é importante que as medidas para a suspensão das restrições não causem novos contratempos, provocando uma disseminação maior de variantes do vírus.

A Alemanha intensificou as restrições para conter o alastramento do coronavírus até 7 de março, mas escolas primárias e creches começaram a reabrir em 10 estados nesta segunda-feira, e cabeleireiros devem reabrir as portas novamente na semana que vem.

O número de novas infecções diárias estagnou ao longo da semana passada, e a taxa de incidência de sete dias ficou em torno de 60 casos para 100 mil habitantes. Também nesta segunda-feira, o país relatou 4.369 infecções novas e 62 mortes adicionais.

A partir de terça-feira, o chefe de Gabinete de Merkel, Helge Braun, convocará um grupo de trabalho para propor um plano detalhado na próxima reunião do governo federal com dirigentes estaduais no dia 3 de março.

O ministro da Saúde, Jens Spahn, também afirmou na reunião que quer começar a administrar vacinas em consultórios de médicos de família assim que entre três e cinco milhões de doses passarem a ser entregues semanalmente. Apesar das preocupações com as mutações do coronavírus, o governo de Merkel está sob pressão crescente para apresentar um caminho para sair da quarentena, em meio às críticas sobre o ritmo lento do programa de vacinação no país.

Problemas de produção e entregas atrasadas estão frustrando a distribuição de vacinas na Alemanha por ora. Até domingo, só pouco mais de 3,3 milhões de pessoas haviam recebido ao menos uma dose da vacina, o equivalente a 4% da população.

O Globo