Vacinação privada desvirtua efeitos de contenção da pandemia

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Reprodução

Apesar de grandes laboratórios como a AstraZeneca terem fechado as portas para negociações privadas de vacinas anti-Covid, a discussão ética de se imunizar pacientes que não necessariamente são os mais vulneráveis à doença continua no país, catalisada em boa parte pela demora do governo brasileiro em proteger com as doses disponíveis profissionais de saúde, idosos e portadores de comorbidades. Há poucos dias, o ministro da Economia Paulo Guedes chegou a defender que a cada vacina paga em clínicas privadas outras três fossem doadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Para entender os impactos de uma eventual vacinação privada, que beneficiaria mais quem pode pagar, e não obrigatoriamente quem mais precisa do imunizante, o blog ouviu a opinião do ex-diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde Julio Croda. Infectologista e pesquisador da Fiocruz, ele é radicalmente contra a comercialização de vacinas durante este momento da pandemia, em que hospitais estão abarrotados de pacientes e cidades inteiras agonizando por falta de oxigênio. No futuro, avalia, poderiam, sim, ser ofertados biofármacos anti-Covid em estabelecimentos particulares, mas só depois que fossem controlados dois dos principais gargalos da pandemia: a alta taxa de internações e o grande volume de mortos.

“Viável e ético é vacinar quem tem mais risco para morrer. Temos que seguir o calendário vacinal e, neste momento, vacinar profissionais de saúde, depois pessoas cima de 75 anos e depois pessoas entre 60 e 74 anos. Temos que respeitar essas fases do Plano Nacional de Imunizações porque senão haverá unicamente benefícios para uma população que pode pagar”, diz Croda. “Além disso, a vacinação privada agora não traria impacto em termos de queda de internação e óbito, que são os objetivos primordiais no momento”, afirma.

Segundo ele, a pandemia só será controlada quando cerca de 80% da população estiver imunizada com vacinas, e o setor privado só tem participação de aproximadamente 10% na imunização de brasileiros, e isso para a vacina mais comercializada de todas, a da influenza. “Para reduzir a contaminação temos que criar uma imunidade coletiva de 80%, e não vai ser setor privado que vai fazer isso. Como o setor privado não tem condições de gerar impacto na redução de óbitos e internações, sua participação neste momento, ainda que vendendo uma vacina e doando três, reforça a desigualdade da população”, pondera Julio Croda.

“Se o setor privado quer comprar vacinas, o mais correto para acelerar o processo de vacinação é comprar um lote e disponibilizar para o governo, como forma de doação integral, respeitando o calendário vacinal de priorização dos grupos mais frágeis. É vacinando esses grupos prioritários que se vai permitir a retomada da economia”, avalia o epidemiologista.

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