Vereadoras do PSOL contratam seguranças
Foto: Reprodução
Na esteira dos ataques a tiros ocorridos na semana passada contra as casas das covereadoras do PSOL Samara Sostenes e Carolina Iara em São Paulo, parlamentares mulheres, negras e trans da cidade estão recorrendo à contratação de seguranças particulares para sua escolta 24 horas por dia. A medida já vinha sendo adotada pela vereadora Erika Hilton desde dezembro. Agora, outras colegas de bancada, como a líder do PSOL na Câmara Luana Alves, também adotam a escolta.
A Mesa Diretora da Câmara decidiu nesta semana que a Casa oferecerá dois agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) para cada gabinete que apresentar registro de boletim de ocorrência Além disso, designará um Procurador interno para acompanhar as investigações.
Mas a medida protetiva é válida apenas para os titulares das cadeiras legislativas e não se estende a Sostenes e Iara, que atuam como co-vereadoras. Elas foram eleitas em novembro pelos mandatos coletivos Quilombo Periférico (que possui 6 membros) e Bancada Feminista (com 5 membros), respectivamente.
A decisão preocupa membros do PSOL, que pedem ao Presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), para reconsiderar a decisão. A presidência, no entanto, alegou em nota que “na prática, os covereadores são como assessores parlamentares e a Câmara Municipal não tem meios legais para agir”.
Sem a escolta oficial, as parlamentares têm recorrido à segurança privada.
— No PSOL, sempre fizemos uma militância e oposição firmes. Mas nunca tivemos que cogitar contratar segurança 24 horas, nunca vimos uma reação tão violenta quanto agora. Não queremos a morte de mais uma parlamentar negra do PSOL — disse Alves ao GLOBO, em alusão ao assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018. — E sabemos que estes ataques são um recado para todas nós.
Alves acredita que os ataques são motivados pelo incômodo gerado pela eleição de mulheres negras e trans à Câmara paulistana. O PSOL trouxe uma bancada diversa ao Legislativo, com dois mandatos coletivos, totalizando onze negros e dez mulheres, três das quais transexuais.
Para mobilizar atenção aos ataques recentes, o PSOL realizou uma entrevista coletiva nesta quinta-feira com toda a bancada da sigla na Câmara, em que os parlamentares pediram pela formação de “uma frente nacional de enfrentamento à violência política”.
Quem é titular de mandato e sente-se ameaçado, mas não registrou boletim de ocorrência — como Alves, negra e lésbica, que relata ataques virtuais racistas diários — terá que arcar com o custo da escolta por meio do próprio salário. Ela está em processo de contratação de um segurança. Os vereadores em SP recebem R$18.991,68.
Segundo a parlamentar, seu partido também tem apoiado as contratações, mas a atribuição de “zelar pela integridade física dos parlamentares e servidores da Câmara” é da Assessoria da Polícia Militar e efetivo da Guarda Civil Metropolitana da Câmara, conforme lei de 2007. O texto determina também que cabe à PM prestar assessoria ao Presidente da Câmara e a quem for “expressa e justificadamente designado por este”, mediante disponibilidade de pessoal.
Na terça, 26, dois tiros foram disparados durante a madrugada contra a casa de Iara, em Itaquera, zona leste de São Paulo. Na madrugada do último domingo, 31, um homem mascarado numa moto disparou um tiro para cima em frente à casa de Sostenes, em Guarapiranga, na zona sul da cidade. Os casos foram registrados em boletins de ocorrência como crimes de ameaça e transfobia. Ambos aconteceram na semana que marca o dia Nacional da Visibilidade Trans, em 29 de janeiro.
Após o ataque, Iara afirmou nesta quinta que está vivendo escondida e sob forte esquema de proteção.
— Rogamos que as autoridades reconsiderem a exclusão dos co-parlamentares das medidas de proteção oferecidas pelo Estado. Também fomos eleitas e esses votos estão sendo desrespeitados. Ninguém aqui quer que aconteça como no Rio, com o assassinato de uma vereadora negra com quatro tiros no rosto — disse Iara, também em referência à Marielle Franco.
Desde dezembro, a vereadora Erika Hilton, uma das mais votadas no último pleito, já recebe a escolta 24 horas de dois guardas civis metropolitanos armados (um membro da Operação Maria da Penha e outro, do Batalhão de Choque da GCM) contratados como pessoa jurídica e que atuam em seus períodos de folga.
— A barbárie no mundo virtual e a agressão de uma das minhas funcionárias durante a campanha já me deram uma noção do quão violenta minha eleição era — afirma Hilton.
A vereadora optou pela medida ao ver crescerem os ataques virtuais contra ela e sua equipe depois da vitória nas eleições. As agressões foram compiladas e a vereadora abriu um processo para investigar a origem dos ataques oriundos de cerca de 50 perfis diferentes na internet.
A parlamentar relata diversos episódios de violência desde a campanha, entre eles a visita de seu gabinete por um homem portando símbolos religiosos na última terça, 26. O rapaz apresentou-se como parte de um grupo de “Garçons reaça” e, alterado, insistia em encontrá-la pessoalmente.
Impedido pela equipe, deixou carta à vereadora em que se desculpava e dizia arrependido pelos ataques virtuais à Hilton, que fez um boletim de ocorrência por ameaça e agora aguarda os trâmites burocráticos para passar a receber a escolta providenciada pela própria Câmara.
O blogueiro Eduardo Guimarães foi condenado pela Justiça paulista a indenizar o governador João Doria em 20 mil reais. A causa foi um erro no título de matéria do Blog da Cidadania. O processo tramitou em duas instâncias em seis meses DURANTE A PANDEMIA, com o Judiciário parado. Clique na imagem abaixo para ler a notícia
Quem quiser apoiar Eduardo e o Blog da Cidadania pode depositar na conta abaixo.
CARLOS EDUARDO CAIRO GUIMARÃES
BANCO 290 – PAG SEGURO INTERNET SA
AGÊNCIA 0001
CONTA 07626851-5
CPF 100.123.838-99
Eduardo foi condenado por sua ideologia. A ideia é intimidar pessoas de esquerda. Inclusive você. Colabore fazendo um ato político, ajudando Eduardo com qualquer quantia.