Bolsonaristas apelaram até ao PT na Alesp

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Foto: Reprodução

O afã dos bolsonaristas de tirar do PSDB o comando da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) é tamanho que eles tentaram articular uma aliança – não concretizada – com PT e Psol. Os partidos de esquerda estão no polo oposto do presidente da República, Jair Bolsonaro. Os bastidores da disputa pela presidência da Assembleia estadual ilustram a fragmentação da oposição ao governador João Doria (PSDB).

A eleição, presencial e com voto aberto, acontece hoje a partir das 15 horas. Mas o resultado está dado: será eleito Carlão Pignatari, do PSDB. O tucano disse a aliados esperar mais de 70 dos 94 votos da Casa. É o mesmo número que obteve em 2019 Cauê Macris (PSDB). O presidente é eleito com maioria simples. Ou seja, quem receber ao menos 48 votos vence.

O PSDB detém o comando da casa há quatorze anos ininterruptos, aglutinando forças com partidos de centro, como DEM, MDB e Republicanos, e de esquerda, como PT – que ocupa a primeira secretaria da Mesa. Os petistas formam a segunda maior bancada da casa, com 10 deputados. Ficam atrás só do PSL, que elegeu 15 e hoje tem 12 representantes. Foi do PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu, que surgiu a tentativa de impedir mais uma vitória dos tucanos unindo forças com o PT e o Psol.

“O PT faz discurso de oposição ao governo do PSDB mas, na hora de ter uma postura que torne a Assembleia independente, vota junto com o PSDB, com o interesse maior de ter uma cadeira na Mesa Diretora”, diz o deputado Dimas Mecca (PSL), major da Polícia Militar, bolsonarista e candidato à Presidência da Assembleia paulista. “Isso também não é mais desculpa, porque quando eu conversei com o PT eu falei que na minha chapa eu respeitaria a proporcionalidade. O PT tem sim o direito de ocupar um espaço na Mesa Diretora.”

O bolsonarista Major Mecca conduziu a negociação diretamente com o líder do PT na Assembleia, Teonilio Barba. O policial ouviu de Barba que o PT tinha um compromisso assumido anteriormente com o PSDB. Um deputado petista explica que, além desse motivo, seria difícil sustentar ideologicamente a aliança. A visão do partido é que participar da Mesa nunca impediu o PT de agir como oposição aos governos do PSDB. Barba foi procurador pela reportagem mas não retornou o contato.

Em outubro do ano passado, por iniciativa do Psol, ensaiou-se uma aproximação com PT, PSB e PDT para formar uma chapa ampla capaz de derrotar o candidato do governo Doria à Presidência da Casa. Os articuladores buscaram o vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), numa tentativa de arregimentar apoios ao centro. A conversa não avançou.

O DEM, com 7 deputados, compõe a base do governo e apoiará Pignatari. O tucano disse que só dará entrevistas depois das eleições. Ao seu lado na linha de frente da campanha estão os deputados Itamar Borges, líder do MDB, e Sebastião Santos, do Republicanos.

Ao Psol, que tem 4 deputados, restou lançar candidatura própria, sem o apoio de outro partido. Carlos Giannazi, professor e candidato do Psol à Presidência da Assembleia, foi procurado por interlocutores de Major Mecca para se unir à candidatura de oposição ao PSDB. Declinou e explica os motivos.

“Primeiro que Carlão Pignatari já está eleito. Mesmo que somasse 4 votos do Psol mais 20 votos deles não daria 48 votos. Segundo que não dá para se unir a eles. A nossa crítica ao Doria é pela esquerda, a deles é pela extrema direita. Não seria nem coerente se aliar a esse bloco negacionista e fundamentalista”, afirma Giannazi.

O deputado do Psol diz que colocar seu nome na disputa é uma “anti-candidatura” que serve para que a bancada possa marcar posição em temas que considera prioritários. Giannazi vai dar destaque em seu discurso de candidatura hoje à importunação sexual sofrida pela deputada Isa Penna (Psol) no Plenário da Alesp ano passado. O deputado Fernando Cury (Cidadania) apalpou o seio de Isa, mas recebeu uma punição leve, de quatro meses de suspensão. O Psol defende a cassação de Cury.

Major Mecca espera receber 19 votos hoje. É insuficiente para bater Pignatari, mas seria mais do que os 16 de Janaina Paschoal (PSL) em 2019. Além de 9 dos 12 deputados do PSL, entre eles Janaina, o major conta com Coronel Telhada (PP), Douglas Garcia (PTB) e Gil Diniz (sem partido). As negociações avançaram com Arthur do Val (Patriota) e com os 4 parlamentares do Novo, mas fracassaram na reta final.

O Novo lançou o nome do deputado e empresário Sérgio Victor. Arthur do Val vai depositar seu “voto de opinião” no candidato do Novo, depois de ter se somado ao esforço de tentar construir uma ponte entre a candidatura de Major Mecca e o Psol e o Novo.

“Tentei fazer com que todo mundo se juntasse numa candidatura contra o PSDB, mas é difícil. Mecca é muito bolsonarista. Eu também não teria como votar nele mas estava sendo pragmático, porque para vencer o PSDB quase que vale tudo”, afirma o deputado do Patriota, rompido com Bolsonaro.

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