Com aglomerações em alta, SP apela a feriadão
Foto: Fábio Vieira/Metrópoles
No momento mais difícil da pandemia de Covid-19, a cidade de São Paulo inicia nesta sexta-feira (26/3) um megaferiado de 10 dias para que as pessoas não saiam de casa, e isso ajude a conter a propagação do coronavírus.
Foram antecipados cinco feriados municipais, o de Corpus Christi e do Dia da Consciência Negra de 2021 e os feriados do aniversário de São Paulo, de Corpus Christi e do Dia da Consciência Negra de 2022.
Eles emendam com o dia 2 de abril, feriado de Sexta-Feira Santa. Com os fins de semana, a suspensão dos dias úteis vai até 4 de abril.
Todo estado está na fase emergencial desde o último dia 15 e ainda assim a taxa de isolamento não aumenta. A região metropolitana tem mais de 90% dos leitos de UTI ocupados.
A expectativa do prefeito Bruno Covas (PSDB) é de que a cidade tenha resultados semelhante ao alcançado em maio do ano passado, quando medida semelhante foi adotada.
Na época, a capital paulista registrou o pico de 53% de isolamento social. O dado mais recente, de quarta-feira (24/3), apontava isolamento de 42%. A prefeitura destaca que só há duas maneiras para combater o vírus, o distanciamento social e a vacina.
Covas ressalta que “é preciso parar para que possamos conter essas altas curvas que temos hoje de contaminação, de ocupação de leitos de UTI e de óbitos no município”.
E insiste no pedido de apoio da população.
“Não é um período para festejar, viajar ou aglomerar, muito pelo contrário. A gente conta com colaboração das pessoas”, disse.
A capital tem batido recordes de mortes e internações e, ainda assim, o prefeito destaca que denúncias de festas clandestinas não param de chegar.
Nesse período de feriado prolongado, os serviços estaduais de saúde permanecerão abertos. O Detran e o Poupatempo seguem apenas com atendimento on-line.
Os bancos seguem funcionando, mas haverá triagem na entrada, com preferência para recebimento de benefícios sociais, pagamento de salários, aposentadorias e pensões. Os vencimentos dos boletos não serão alterados.
Serviços de transporte e alimentação seguem abertos.
O rodízio está mantido das 20h às 5h durante o feriado: segunda para terça para as placas finais 1 e 2; terça para quarta para os finais 3 e 4; quarta para quinta, finais 5 e 6; quinta para sexta, finais 7 e 8; e, de sexta para sábado, é válido para os finais 9 e 0.
O estado do Rio de Janeiro também terá, a partir desta sexta-feira (26/3), 10 dias de medidas restritivas mais rígidas como esquema de enfrentamento à Covid-19. Especialista ouvido pelo Metrópoles aponta, contudo, falhas nas regras anunciadas pelo governador em exercício, Cláudio Castro (PSC), e acredita que decretar feriado é erro sério.
“Quando é feriado, há questões para serem levadas em conta, como o pagamento dobrado pela jornada de trabalho, e isso não está explicado. Laboratórios, clínicas e outros estabelecimentos que são essenciais estão sem entender como poderão funcionar. Outro problema é que feriado traz no conceito a liberdade de circular, de viajar, de frequentar bares e locais de aglomeração, o que não é indicado”, avalia o médico Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Para o especialista, os decretos municipais do Rio e de Niterói, que declaram como recesso os 10 dias entre a sexta-feira (26/3) e o domingo (4/4) com permissão apenas para os serviços essenciais funcionarem, deveriam ser ampliados para todos os municípios do estado, evitando, por exemplo, que as pessoas busquem refúgio em áreas turísticas, que não têm estrutura para receber tantas pessoas sem criar aglomerações.
O decreto que cria feriados excepcionais e antecipa datas do mês de abril, como os feriados de Tiradentes (21/4) e de São Jorge (23/4), emendando com a Sexta-Feira Santa (2/4), foi sancionado pelo governador em exercício na quarta-feira (24/3) e vale até o domingo de Páscoa (4/4) nos 92 municípios fluminenses, com regras como o toque de recolher entre as 23h e as 5h.
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