Consultoria internacional diz que direita subestima esquerda no Brasil

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Foto: Ana Paula Paiva/Valor

O mercado e analistas não precificaram a força da esquerda no Brasil e a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostra que uma candidatura deste campo ideológico em 2022 pode ser competitiva. Para o diretor executivo para Américas do Eurasia Group, Christopher Garman, não há porque o Brasil destoar do padrão latino-americano.

“Quando os governos de centro-direita do México, da Argentina e do Equador entraram em crise de popularidade, quem se beneficiou politicamente foi aquele que estava na posição mais clara de oposição. Se as coisas com a direita andam mal, porque a esquerda não estaria forte na eleição seguinte?”, indaga. Segundo Garman, “estão subestimando há tempos a força de Lula e superestimando a sua rejeição, sem entender que o tempo passa”.

De acordo com Garman, as preocupações do eleitor brasileiro mudaram nos últimos anos. O passivo do PT e de Lula, que é a associação com a corrupção, permanece, mas este não é mais um tema que emociona a sociedade como antigamente. “O eleitor agora quer renda, emprego e saúde, e não combate à corrupção. A agenda mudou e portanto não é possível achar que a rejeição a Lula é intransponível”.

A Eurasia normalmente procura quantificar em porcentagem as chances de um determinado evento acontecer, mas em relação à eleição presidencial de 2022 Garman prefere não arriscar-se nesse exercício por enquanto.

“Ainda há variáveis que não estão dadas”, explica. “É preciso verificar se a recuperação da economia virá no segundo semestre do ano. É preciso ver como se resolverá o drama sanitário do país, que está fazendo um enorme estrago na popularidade do presidente Bolsonaro, com tendência a piorar. O auxílio emergencial virá menor e não terá o mesmo efeito político”, diz. “Os próximos dois meses serão cruciais”, conclui.

Garman concorda que o quadro do Brasil em 2021 está parecido com o dos Estados Unidos no ano passado, onde o tropeço na economia e sobretudo a incompetência do governo em lidar com a pandemia de covid-19 fez com que o então presidente Donald Trump perdesse uma eleição ganha.

“A diferença é que Bolsonaro conta com um tempo que Trump não teve. Ele pode se recuperar em um ano e meio. A eleição não será em abril”, diz.

Garman é cauteloso ao avaliar as chances do centro no Brasil. “O cenário pode mudar caso haja uma articulação que impeça uma fragmentação entre várias candidaturas”, pondera. Mas enfatiza que o centro não ocupa o espaço do antibolsonarismo com a clareza que Lula pode ter. “De um lado temos Bolsonaro. Do outro ex-ministros ou ex-apoiadores dele, com exceção do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Por que não deveríamos achar que Lula não se beneficia da rejeição ao presidente?”

Para o diretor da Eurasia, também não se pode descartar que estratégia política, dificuldades judiciais ou de saúde impeçam a candidatura de Lula. Neste caso, ele vê possibilidades de Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT) herdarem sua competitividade.

Caso a candidatura presidencial de Lula se consolide, Garman acha possível que o ex-presidente, mais adiante, refaça suas pontes com o mercado.

“O discurso dele tornou-se mais radical nos últimos tempos, mas as pessoas sabem o que o PT representa. Percebem a diferença entre o que significou o governo de Lula e o que representou o governo de Dilma Rousseff. A reação inicial é de aumento de risco, mas sempre é possível refazer ligações com o setor privado, sobretudo para ele”.

Garman diz que a surpresa com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin aumentou o grau de incerteza no mercado. “Foi um evento completamente inesperado. Aparentemente, no empenho para salvar a Operação Lava-Jato, Fachin não hesitou em salvar o Lula. Não era previsível”, diz. Até a decisão de Fachin, o cenário tido como mais provável na cena política era que o Supremo Tribunal Federal (STF) colocasse em pauta a ação que pede a suspeição do ex-juiz Sergio Moro nos processos em que Lula foi condenado, o que poderia abrir portas para a anulação das sentenças, embora isso não fosse absolutamente claro.

Valor Econômico

 

 

 

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