Ernesto Araújo dá sua versão para demissão

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Foto: Evaristo Sá – 2.mar.21/AFP

Horas após deixar o comando do Ministério das Relações Exteriores, o agora ex-chanceler Ernesto Araújo publicou na noite desta segunda-feira (29) sua carta de demissão, entregue ao presidente Jair Bolsonaro.

No texto, ele se queixa de “uma narrativa falsa e hipócrita, a serviço de interesses escusos nacionais e estrangeiros, segundo a qual minha atuação prejudicaria a obtenção de vacinas”.

Ernesto pediu demissão após pressão da cúpula do Congresso, que o acusava de omissão no combate à pandemia —ele é apontado como um dos responsáveis pelo fracasso na negociação entre os governos brasileiro e indiano para a compra de um lote de vacinas contra o coronavírus.

O Senado se tornou o grande foco de atrito com Ernesto. O episódio mais recente, considerado estopim para a saída, foi uma postagem nas redes sociais do ex-ministro, na qual insinua uma ligação da Casa com o lobby chinês pelo 5G, o que, segundo ele, estaria por trás da pressão para derrubá-lo.

 

O ex-chanceler começa a carta afirmando ter lutado “pela liberdade e dignidade do Brasil e do povo brasileiro, pela nossa soberania e grandeza”. Diz também ter procurado “colocar o Itamaraty a serviço do sonho de um novo Brasil”, liderando colegas “para os quais ‘diplomata’ e ‘patriota’ não são antônimos”.

Ernesto também escreve que há correntes que querem de volta o poder —“esse poder que, durante décadas em que o exerceram, só trouxe ao Brasil atraso, corrupção e desgraça”—, para as quais “a verdade não importa”. “A verdade liberta e a mentira escraviza”, afirmou o ex-ministro, para na sequência dizer que a mentira é “utilizada para um projeto materialista que visa a escravizar o Brasil e os brasileiros”.

O ex-chanceler conclui que coloca à disposição o cargo “em benefício do projeto de transformação nacional que o senhor [Bolsonaro] encabeça”.

A demissão de Ernesto, um admirador declarado do escritor Olavo de Carvalho, é um duro golpe na ala ideológica do bolsonarismo, que nos últimos anos conviveu com portas abertas no Itamaraty. O ex-ministro acumulou um legado de polêmicas, declarações controversas e uma gestão considerada ineficaz em vários aspectos.

Ernesto será substituído por Carlos Alberto Franco França, 56, que ganhou a confiança de Bolsonaro no período em que chefiou o cerimonial do Palácio do Planalto.

Graduado em direito, França entrou no serviço diplomático em 1991. Ele é um diplomata discreto, pouco afeito a holofotes e tem uma carreira ligada ao cerimonial do Itamaraty.

A área é estratégica na diplomacia, uma vez que organiza os diversos eventos da chancelaria e tem contato próximo com o ministro de Estado ou, no caso do Planalto, com o presidente.

Assim como Ernesto quando foi indicado para o Itamaraty, França só foi promovido recentemente a embaixador e nunca chefiou um posto no exterior.

Mas tem uma diferença em relação ao antigo chanceler, segundo colegas na carreira: é considerado um diplomata tradicional e pragmático, sem professar do radicalismo conservador de Ernesto e distante da influência do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo. ​

Apesar disso, membros da carreira temem que seu pouco tempo no topo da carreira e o fato de não ter chefiado nenhuma embaixada no exterior signifiquem a manutenção da influência da ala ideológica na chancelaria. Principalmente do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do assessor internacional da presidência, Filipe Martins.

Colegas descrevem França como um profissional tranquilo e ponderado, mas destacam que ele tem perfil discreto, teve uma carreira de pouca expressão na instituição e não é conhecido como um formulador de política externa.

Com a confirmação da escolha pelo presidente, ele desbancou concorrentes de peso e com trajetória mais extensa no Itamaraty.

Folha de S. Paulo

 

 

 

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